EXTREMA DIREITA

Três brasileiros são agredidos na Irlanda em 24h e têm vídeos expostos no TikTok

Todos os casos foram na mesma cidade e em momentos diferentes. Polícia investiga as agressões e suspeita da comunidade é de ações xenofóbicas

Gomes, Gonzalez e Costa, os brasileiros agredidos na Irlanda por xenofobia.Créditos: Arquivo pessoal/g1/Reprodução
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A cidade de Limerick, localizada 200km a sudoeste de Dublin, na Irlanda, registrou três casos de brasileiros espancados em menos de 24 horas na última semana, o que naturalmente está sendo interpretado como uma ação de natureza xenofóbica por parte de indivíduos pertencentes a grupos de extrema direita. O primeiro ataque foi às 23h30 de sexta-feira (12) e teve como alvo o mineiro Frederico de Lima Costa, de 34 anos, que chegou ao país europeu no ano passado e trabalha como auxiliar de cozinha. E disse que tinha acabado de sair do emprego quando foi abordado por três homens. Todos os depoimentos das vítimas foram reportados pelo portal g1.

“Desci por uma das ruas principais da cidade, passei perto de um bar super movimentado e virei à esquerda. Eu não percebi que estava sozinho na rua, mas isso nem seria um problema, aqui supostamente é um lugar seguro”, começou relatando. Só que na sequência surgiu o trio e um deles já deu um soco forte em seu rosto, o que não permitiu que a Costa fugir a toda velocidade, pois estava tonto, sendo pego e derrubado no chão logo à frente.

“Na hora, por conta do meu instinto e medo, comecei a gritar ‘socorro’, em português, ao invés de ‘help’... Eu caí, bati a cabeça e pensei: ‘agora eu vou morrer, vou ser espancado até a morte’”, relatou o mineiro. Ele foi salvo por um segurança de bar que estava próximo, que também é brasileiro.

Pouco tempo após essa agressão, às 23h50, a apenas 100 metros dali, o paranaense Mateus Gonzalez Serafim, de 21 anos, funcionário de uma loja de colchões e que chegou à Irlanda em 2022, caminhava pela rua. Novamente três homens surgem e o brasileiro, ao perceber a aproximação deles, imagina que se tratava de um assalto. Mas não era.

“Eu só tive a reação de virar o rosto, assim, o impacto pegou no meu queixo e eu consegui correr... Achei que tivesse sido agredido por roubo, mas, não”, contou o jovem do Paraná.

Na noite de sábado (13), algo bem semelhante aconteceu em Limerick com outro brasileiro. O carioca Roberto Gomes dos Santos Júnior, de 33 anos, saiu com o irmão do trabalho e ambos seguiam para casa, quando um sujeito apareceu sozinho e, de forma nada educada e direta, perguntou a eles: “vocês são de onde?”.

Os dois responderam que eram do Brasil e fizeram a mesma pergunta ao homem, que não respondeu nada, limitando-se a sacar uma espécie de porrete de dentro do casaco, com o qual acertou uma forte pancada na cabeça de Gomes, que começou a sangra muito imediatamente.

“Assim que ele me acertou, eu já corri algo em torno de cinco metros para fugir do local. Meu irmão seguiu brigando com o irlandês. Quando percebi, estar jorrando sangue e gritei: "corre porque eu estou morrendo, estou sangrando”, relembra o carioca.

Os irmãos estavam perto de casa, conseguiram fugir e procurar atendimento médico, já que o agredido precisou levar seis pontos na testa por causa do golpe. Ele, que está de licença no trabalho para se recuperar, contou que apenas notou que o criminoso era um homem de aproximadamente 40 anos e alto.

Nos dois primeiros casos, envolvendo Costa e Gonzalez, as agressões foram filmadas e eles nem mesmo perceberam. Apenas passadas algumas horas é que eles foram alertados por amigos que as cenas de violência contra eles tinham ido parar no TikTok, com um tom de xenofobia, compartilhado por perfis aparentemente irlandeses.

A rede social TikTok informou que retirou os vídeos com as agressões do ar porque o material é do tipo que “incita à violência ou à promoção de atividades criminosas”, e que essa é uma política da plataforma.

Já a polícia irlandesa, a Garda, que recebeu os boletins de ocorrência dos três casos de agressão, abriu uma investigação para tentar identificar os criminosos que atacaram os brasileiros.