VETO À PALESTINA

Rússia ataca Israel e diz que rabo abanou cachorro na ONU

Tom alguns graus acima do costumeiro

Bateu forte.Moscou disse que a diplomacia dos EUA está levando a uma grave crise no Oriente Médio.Créditos: Reprodução
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O embaixador russo às Nações Unidas, Vassily Nebenzia, fez o mais duro ataque a Israel e aos Estados Unidos antes que Washington vetasse a adesão da Palestina como membro integral da ONU.

A pretensão dos palestinos tinha o apoio de 140 dos 193 integrantes da organização e passaria com facilidade na Assembleia Geral, não fosse o veto dos EUA contra 12 votos e duas abstenções -- Reino Unido e Suiça.

Nebenzia lembrou o histórico de vetos de Washington no Conselho de Segurança desde que o Hamas atacou Israel em 7 de Outubro e Tel Aviv passou a demolir Gaza.

Ele disse:

"Já em 16 de Outubro, a Rússia apresentou o primeiro projeto de resolução sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza, que foi votado contra pela França, Reino Unido, EUA e Japão. O projeto seguinte - apresentado pelo Brasil em 18 de outubro - foi vetado pelos Estados Unidos, embora contivesse uma linguagem importante, como afirmam agora os colegas americanos, sobre a condenação do Hamas. Conseguem imaginar quantas vidas poderiam ter sido salvas se essas propostas tivessem sido apoiadas naquela altura, incluindo as vidas dos reféns cuja libertação também exigimos?"

Hoje, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 33 mil pessoas morreram no território palestino, com milhares de desaparecidos e quase 80 mil feridos.

"LIMPAR" GAZA

A Rússia mantém boas relações diplomáticas com Israel, mas tem sido a principal beneficiária de apoio árabe, muçulmano e do Sul Global por conta da crise de Gaza.

Em sua fala, o embaixador opinou sobre os três vetos de Washington no CSNU para proteger Israel:

Os colegas estadunidenses não escondem o fato de verem o Conselho de Segurança da ONU como um obstáculo que não deve "atrapalhar" a sua "diplomacia eficaz no terreno". O seu verdadeiro objetivo era dar ao seu principal aliado do Oriente Médio carta branca para “limpar” o enclave.

O representante de Moscou lembrou que os Estados Unidos deixaram passar no Conselho uma resolução que pedia cessar-fogo em Gaza, mas logo disseram que ela não era vinculativa.

Israel simplesmente desconheceu a resolução:

Demorou seis meses para Washington finalmente perceber que havia perdido influência sobre Israel e acabou em uma situação em que "o rabo estava abanando o cachorro" -- quando Tel Aviv estava na verdade ditando seus termos, exigindo apoio incondicional dos EUA para qualquer uma de suas decisões imprudentes.

PACOTE DE AJUDA 

Os Estados Unidos podem aprovar nos próximos dias um pacote militar de ajuda à Ucrânia, Israel e para ações de cerco à China.

Washington vai aumentar as sanções contra o Irã, que bateu recorde de exportação de petróleo vendendo a Beijing.

O Irã também é um importante fornecedor de drones para a guerra da Rússia na Ucrânia.

Isso pode explicar a fala do embaixador alguns tons acima do costumeiro, para destacar a hipocrisia dos EUA quando se trata da causa palestina.

Ele fez uma advertência sobre a escalada do conflito entre Israel e o Hamas.

Esta atitude desdenhosa do Ocidente para com certos Estados e os seus direitos, dividindo o mundo em amigos, que estão acima da lei, e inimigos, cujos interesses legítimos podem ser ignorados, levou o Oriente Médio à beira de uma grande guerra. É assim que é a vossa “diplomacia eficaz”, queridos colegas ocidentais. O “fruto” que produz são mortes e destruição.

Vassily Nebenzia criticou diretamente o embaixador de Israel, que tem atacado a ONU, as agências humanitárias ligadas ao organismo e o próprio Conselho de Segurança:

O representante permanente de Israel tem um longo histórico de insultos contra a ONU e o seu pessoal, bem como contra o próprio Secretário-Geral. Hoje ele não hesitou em chamar o Conselho de Segurança de “Conselho do Terror”. Só que ele deve ter esquecido que o próprio Estado de Israel foi criado por recomendação deste Conselho e por uma resolução da Assembleia Geral. Ele não vai questionar essa decisão também?