Depois de conquistar a estratégica cidade de Avdiivka, as forças terrestres da Rússia continuam avanço em várias localidades na frente de mais de 900 quilômetros.
São ganhos modestos, mas deixam entrever que as defesas ucranianas estão relativamente desorganizadas.
Faltam homens e munição à Ucrânia.
Blogueiros militares russos -- que tem alguma credibilidade, pois trabalham com imagens geolocalizadas -- reportam ganhos modestos da Rússia diariamente.
Eles argumentam que a Ucrânia moveu baterias de defesa anti-aérea para tapar buracos em posições defensivas, deixando menos guarnecidas cidades como a capital Kiev.
Nas últimas horas, Moscou disparou mísseis de cruzeiro e balísticos contra Kiev, Kharkiv e Odessa.
"GALINÁCEOS"
O ex-presidente Dmitri Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança Nacional, tem ido às redes sociais atacar a França com termos chulos, referindo-se a membros do governo de Emmanuel Macron como "galináceos".
Ele faz o papel de bater duro nos adversários, o que dá ao recém-reeleito presidente Vladimir Putin um ar de moderado.
Medvedev já afirmou, por exemplo, que Kiev é uma "cidade russa" e, portanto, será conquistada.
Putin é bem mais modesto.
Em suas falas, referiu-se recentemente ao objetivo russo de criar uma "buffer zone" para proteger seu território de ataques da Ucrânia, o que também é conhecido como "cordão sanitário".
Putin não deu detalhes.
Porém, Viktor Vodolatsky, parlamentar da Duma, o Parlamento russo, deu entrevista recente dizendo que a estratégia exigiria conquistar uma faixa que vai de Odessa a Dnipro e desta a Kharkiv.
Seria um avanço significativo da Rússia sobre as terras férteis da Ucrânia, que negaria a Kiev o seu principal porto no Mar Negro, Odessa.
A Ucrânia continuaria existindo, mas ficaria praticamente inviabilizada como um aliado de interesse para a OTAN.
MACRON "PISTOLA"
Nas redes sociais, Macron é descrito como um tigre de papel, ou candidato a Napoleão.
De acordo com o diário russo Izvestia, há vários motivos pelos quais o presidente francês se tornou o líder mais agressivo contra a Rússia.
Um deles é o cálculo feito por analistas franceses de que, se a Rússia avançar na Ucrânia, poderá controlar 30% da produção mundial de trigo.
Em 2023 o trigo russo, bem mais barato, já tomou mercados antes ocupados pela França, como a Argélia.
O segundo motivo é o avanço russo sobre ex-colonias francesas na África: Mali, Chade, Níger, República Centro-Africana e Burkina Faso sairam da órbita francesa e foram cooptadas por Moscou, em alguns casos com ajuda de mercenários do Grupo Wagner.
O terceiro motivo para as fricções entre Paris e Moscou são a Moldóvia e a Armênia, países candidatos a entrar na União Europeia com os quais Macron estreitou os laços, inclusive militares, irritando Putin.
De acordo com o líder da inteligência militar russa para o Exterior, Sergey Naryshkin, Paris prepara 2 mil soldados para colocar na Ucrânia. O destino, especulam analistas militares franceses, seriam a fronteira do país com a Bielorrússia ou as margens do rio Dnipro.
Isso liberaria tropas da Ucrânia -- que vive uma situação desesperadora por falta de soldados -- para lutar na frente de batalha e frear o avanço russo.
Um dos principais chefes militares da França, Pierre Schill, afirmou que pode colocar até 20 mil soldados em qualquer parte do mundo em 30 dias.
Diferentemente da Alemanha, Macron não precisa consultar o Parlamento antes de despachar tropas.
Medvedev, em postagem no X, disse que as tropas francesas na Ucrânia seriam uma ótima oportunidade para a Rússia despachar caixões de volta para a França, deixando claro para a opinião pública que o país já está em guerra com Moscou.
Ele se refere a mercenários franceses que teriam sido mortos na Ucrânia, apesar de a França proibir a atuação deles.
Moscou disse que já matou 6 dos 13 mil mercenários -- especialmente da Polônia -- que lutam em defesa de Kiev.
Paris nega que tenha enviado mercenários e disse que é pura propaganda de Moscou.
Ainda sim, lideranças russas tem insistido que tropas francesas não serão poupadas na Ucrânia, apesar da França ser integrante da OTAN.
Tudo isso pode ser apenas o chamado "agitar de sabre" que costuma acompanhar negociações de paz.
Porém, a escalada de palavras entre a Rússia e integrantes da OTAN segue em alta.
Este foi o principal assunto do Fórum Global desta quinta-feira, 21: