Esse é daqueles casos, de horror extremo, que nos fazem questionar sobre até onde pode ir a ganância de uma pessoa. Um rapaz de 24 anos, de Taiwan, está no centro de uma investigação criminal após as autoridades descobrirem que ele provocou a amputação das próprias pernas para receber um valor de aproximadamente R$ 6,5 milhões de um seguro.
Chang, como o jovem foi identificado pela imprensa local, como no jornal Taiwan News, teria colocado as duas pernas dentro de um recipiente totalmente cheio de gelo seco por 10 horas seguidas, na noite de 27 de janeiro de 2023. Ele realizou o ato com a ajuda de um amigo que conheceu no Ensino Médio, identificado como Liao. Os dois fotografaram e filmaram todo o procedimento, e os arquivos foram encontrados pela polícia depois do início da investigação.
Ainda de acordo com a imprensa local e o jornal britânico Daily Mail, Chang teria dado entrada num hospital no dia seguinte à ação insana e foi submetido imediatamente a uma cirurgia de emergência para que ambas as pernas fossem amputadas abaixo do joelho devido a congelamento gravíssimo que provocou sepse e necrose óssea.
O depoimento de Liao, o ‘amigo’ que ajudou Chang na tarefa, revelou que o rapaz foi preso a uma cadeira com braçadeiras de contenção, popularmente chamadas no Brasil de “enforca gato”, para que não saísse do lugar, permanecendo com as pernas dentro do gelo seco entre as 2h e o meio-dia, ou seja, por 10 horas seguidas. As imagens apreendidas mostram exatamente a cena descrita pelo cúmplice.
A desculpa que Chang deu à seguradora foi a de que saiu para andar de moto numa madrugada fria e que as queimaduras causadas por baixas temperaturas teriam ocorrido aí. A empresa financeira não se deu por satisfeita e providenciou um relatório climático do dia do suposto evento, que mostrou que a temperatura naquele período ficou entre 6,1°C e 17°C, absolutamente amenas e incapazes de provocar tais danos.
Eles conseguiram resgatar apenas um seguro de valor muito menor (por volta de R$ 35 mil), mas outras cinco seguradoras se negaram a aceitar a história sem uma investigação. Aliás, foi a quantidade de seguros contratados pouco tempo antes da suposta viagem de moto no frio que fez uma das firmas acionar o Gabinete de Investigação Criminal de Taiwan.
Uma perícia realizada em Chang também apontou um problema sério para fazer a lorota contada pelo rapaz “bater” com a verdade: suas pernas não estavam cobertas por uma calça, meias ou por sapatos, no caso dos pés, quando as lesões graves se instalaram em seus membros inferiores. Na prática, o laudo apontou que o frio manteve contato direto com o corpo do jovem, algo impossível numa viagem de moto.
Agora, quase um ano depois, a Promotoria de Taipé, capital de Taiwan, indiciou os dois pelo crime de fraude cometido, enquanto a Justiça decretou a prisão deles. Em imagens disponibilizadas na imprensa local, Chang aparece caminhando, presumivelmente por já estar utilizando próteses nas duas pernas.