Enquanto todos os anos o mundo vive uma crise climática sem precedentes, os gastos militares globais não param de disparar. Só em 2023, estima-se que os países do mundo tenham desembolsado mais de US$ 2,2 trilhões em suas Forças Armadas, o que equivaleria a R$ 10,91 trilhões. A quantia exorbitante equivale a um valor um pouco maior que o PIB do Brasil e seria suficiente para financiar o combate às mudanças climáticas pelo menos 55 vezes.
Isso porque para adaptar o mundo à crise climática são necessários US$ 200 bilhões de dólares por ano, segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), lançado em novembro do ano passado.
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Os dados dos gastos militares foram publicados pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) de Londres em fevereiro e mostram que Guerras como as da Ucrânia, iniciada em 2022 e a promovida por Israel contra a Palestina, em 2023, juntas acumulam a maior parte do valor total do investimento.
Os países que mais contribuem para os gastos são, em US$ bi: EUA (905,5), China (219,5), Rússia (108,5), Índia (73,6), Reino Unido (73,5) e Arábia Saudita (69,1). Vale destacar que Israel já se configura entre os 15 primeiros desde que começou a Guerra em Gaza, investindo ao todo US$ 23,4 bilhões em seu aparato militar, o um valor correspondente a 4,5% do PIB do país no ano de 2022, por exemplo. O estudo do IISS ainda aponta as ajudas bilionárias dos EUA ao Estado judeu, atingindo um valor absurdo de US$ 905,5 bilhões.
Máquina de guerra global aumenta emissão de gases de efeito estufa
Como se não bastasse, de acordo com a pesquisa, se a máquina de guerra global fosse um país hoje, ele seria o 5º maior emissor de gases de efeito estufa, isto é, o próprio investimento em forças militares também é extremamente danoso ao meio ambiente, em um curto prazo.
O relatório do Observatório de Conflitos e Meio Ambiente também mostra que, em 2019, as emissões militares na União Europeia, foram as mesmas de 14 milhões de carros. “É uma estimativa bastante conservadora. À medida que os gastos militares aumentam, também aumentam as emissões de gases de efeito estufa associadas”, afirma Lindsey Cottrell, couatora do documento.
Importante lembrar que a corrida armamentista não se limita às armas convencionais. As potências nucleares investem pesadamente na modernização e no desenvolvimento de novos arsenais, intensificando o risco de um conflito de proporções devastadoras.
Com a possível reascensão de Trump aos EUA e as guerras em curso ao longo dos anos, os riscos de maiores consequências do efeito estufa em diferentes partes do planeta devem se intensificar. Sem contar que os 11 trilhões investidos em 2023 atingiram o maior nível desde a Segunda Guerra Mundial.