ARGENTINA

100 dias de Milei: relembre as 5 piores decisões do governo de extrema direita argentino

De salário em leite à guerra com governadores, gestão de extrema direita chega a três meses de fracassos

Javier Milei não tem o que celebrar após três meses de uma gestão catastróficaCréditos: Presidência da Nação Argentina/Reprodução
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Nesta terça-feira (19), Javier Milei completa 100 dias de governo na Argentina e mantém três meses de derrotas no início de sua administração.

Recordista por não ter nenhum projeto de lei aprovado, Milei ainda não conseguiu mostrar o pragmatismo político suficiente para conseguir aprovar suas reformas ultraliberais no país.

Veja cinco dos maiores fracassos políticos de Milei até o momento:

1. A lei ônibus

A lei ônibus, proposta pelo governo de Javier Milei, na Argentina, era a grande aposta do governo. O projeto continha 664 artigos e delegava poderes legislativos ao Executivo em várias áreas, incluindo economia, finanças, fiscalização, segurança, defesa, tarifas, energia, saúde e previdência social, por um período de dois anos, até dezembro de 2025. O projeto também incluía uma ampla reforma eleitoral, mudanças fiscais, uma moratória e um programa de regularização de ativos. O projeto expandia o conceito de "legítima defesa" e introduzia novos controles sobre manifestações de rua no Código Penal, aumentando as penalidades para bloqueios de estradas, especialmente para os organizadores.

O projeto draconiano foi derrotado no congresso e no Senado e o que outrora foi considerado como o grande passaporte para uma ditadura Milei hoje é apenas passado.

2. O DNU do salário em bananas

O Decreto de Necessidade e Urgência foi outro grande projeto que chegou a entrar em validade por ser similar a uma medida provisória brasileira.

Com mais de 700 itens, o texto ficou marcado por conta do trecho em que autorizava a formalização de contratos com pagamentos em espécie, como carne, leite, banana ou bitcoins.

O projeto foi derrotado nesta semana no Senado de maneira simples e será rejeitado na Câmara dos Deputados também. Milei vai tentar enviar outra versão do projeto.

3. O racha com os governadores

Milei cortou todas as transferências para os governadores das províncias, o que implantou um movimento de guerra com os governadores, incluindo os de direita, que estão sem recursos para movimentar suas bases.

Ele tentou reduzir a proposta de corte depois que o governador de Chubut ameaçou ordenar o fim da extração de petróleo da estatal YPF em sua província, o que acabaria com os cofres públicos argentinos.

Milei tenta um acordo chamado 'Pacto de Mayo' para reaver o apoio de alguns governadores, mas a costura política para tal tem se tornado cada vez mais difícil.

4. O corte de medicamentos na saúde

Em fevereiro, o governo Javier Milei decidiu cortar o subsídio para  tratamento médico para crianças, mulheres grávidas e outros pacientes com doenças crônicas e câncer.

A pasta de Ministério de Capital Humano do governo argentino confirmou a suspensão. De acordo com reportagem do Página 12, adultos, adolescentes, gestantes e crianças com câncer, doenças crônicas e agudas que dependiam do órgão foram relegados. 

Após manifestações, o governo reabriu os escritórios da pasta, e retomou parcialmente a medida.

5. Aumento do próprio salário

Em janeiro, Javier Milei aprovou um decreto em que ele aumentava o seu salário e o de outras figuras do alto escalão do governo.

Após ser cobrado pela medida - contrária aos cortes sociais e subsídios que tem feito -, ele tentou jogar a culpa nos Kirchner por um decreto de 2012 que consolidava que servidores comissionados e de carreira deveriam ter aumentos atrelados.

Milei mentiu, dizendo que aumentou seu próprio salário de maneira automática. Mas a realidade é que ele assinou um decreto para aumentar seus vencimentos. Cristina Kirchner não deixou barato e questionou: por que Milei aumentou seu próprio salário em decreto de janeiro 2024?

“Quero pensar que você leu o que assina, certo? No [decreto] de janeiro você não incluiu expressamente as autoridades, e no de fevereiro você e seus funcionários foram incluídos. O meu decreto não tem nada a ver com isso. Cordiais saudações a você e ao seu gabinete”, concluiu Cristina.