COVARDIA

Israel autorizou comboio humanitário para depois atacá-lo, mostram documentos

Caminhões com suprimentos para palestinos tinham rota traçada em acordo com autoridades israelenses, mas militares abriram fogo de artilharia contra os veículos

Caminhão com ajuda humanitária destruído por militares israelenses.Créditos: UNRWA/Reprodução
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As autoridades israelenses autorizaram, em 5 de fevereiro, um comboio com ajuda humanitária supervisionado pela ONU a ingressar na Faixa de Gaza, pelo trecho norte do território, mas após passarem pelo posto de controle das IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês) os caminhões foram atacados com tiros de artilharia, que destruíram a maior parte da carga transportada, embora ninguém tenha ficado ferido. A confirmação do episódio é da emissora norte-americana CNN, que obteve documentos que mostram a dinâmica do ataque.

Juliette Touma, diretora global de comunicação da UNRWA, a agência de ajuda humanitária das Nações Unidas que opera naquele território palestino, mostrou à rede televisiva toda a documentação onde constam as coordenadas sobre a rota que seria realizada pelo comboio, o que ela garante que sempre foi feito. O ‘ok’ dos israelenses pode ser visto nas guias, permitindo a passagem das mercadorias.

Às 4h15 da madrugada de 5 de fevereiro, os veículos pesados chegaram ao chamado ponto de retenção das IDF do norte da Faixa de Gaza. Todos os documentos foram apresentados aos militares, mas pouco mais de uma hora depois, às 5h35, enquanto ainda permaneciam parados, os caminhões passaram a receber uma estrondosa saraivada de peças de artilharia. Ninguém ficou ferido, mas a maior parte da carga de auxílio humanitário foi perdida no ataque.

“Gaza se tornou muito rapidamente um dos lugares mais perigosos para se trabalhar como trabalhador humanitário... É um ambiente extremamente complexo para operar. Muitas vezes nossas equipes são obrigadas a entregar assistência humanitária sob fogo”, afirmou Juliette a um repórter da CNN.

Após os tiros, assustados, os representantes da UNRWA entraram em contato com seus chefes, que por sua vez pediram autorização urgente para deslocar os veículos para um outro ponto de controle na fronteira norte da Faixa de Gaza, mas as autoridades israelenses negaram. O episódio foi visto como tão grave que até o Departamento de Estado dos EUA emitiu uma nota classificando-o como inaceitável.

“Em todas as conversas que estamos tendo com o Governo de Israel, enfatizamos a necessidade absoluta de os trabalhadores humanitários poderem distribuir assistência com segurança e de os civis poderem acessar assistência, e de Israel tomar todas as precauções viáveis para proteger civis”, diz o texto da pasta que equivale à das Relações Exteriores nos EUA.