NOVA FASE

Israel se antecipa a "vingança de sangue" e ataca a 60 km da fronteira no Líbano

"Muito alta" a chance de guerra total com o Hezbollah

Risco.Os ataques de hoje no Líbano e os civis mortos por Israel que o Hezbollah promete vingar.Créditos: Reprodução de vídeos
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Israel se antecipou à "vingança de sangue" prometida pelo líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah e fez o ataque aéreo mais profundo em território do Líbano, no sul da cidade portuária de Sidon, a cerca de 60 quilômetros da fronteira.

Imagens das explosões sugerem que os alvos continham inflamáveis, mas não há confirmação de que eram mesmo depósitos de armas e munições do Hezbollah, como sugerido por internautas na rede X.

De acordo com a Agência Nacional Libanesa, foram destruídas uma fábrica de pneus e geradores e os arredores de uma empresa de azulejos numa rodovia que liga Sidon ao Sul do Líbano.

Antes dos ataques desta segunda-feira, 19, Israel só tinha feito um ataque mais profundo em território libanês em Beirute, quando matou uma liderança do Hamas.

OLHO POR OLHO

Na sexta-feira, em seu discurso semanal, o líder do Hezbollah prometeu vingar "com sangue" os ataques de Israel que mataram civis libaneses.

No mais dramático, em Nabatieh, dez pessoas morreram, sendo sete da mesma família.

Um menino, agora órfão, foi resgatado dos escombros do apartamento atacado por um drone de Israel.

No enterro coletivo, os caixões estavam todos cobertos com a bandeira do Líbano.

Nos bombardeios de hoje, Israel pode ter se antecipado à promessa de vingança de Nasrallah, que disse que a retaliação aconteceria dentro de alguns dias, envolvendo alvos não convencionais.

O Hezbollah faz parte do governo de coalizão do Líbano, mas está longe de ser majoritário.

Por isso, se apresenta como defensor dos civis libaneses -- é uma forma de ganhar apoio da opinião pública libanesa.

FRACASSO DIPLOMÁTICO

Nas últimas semanas, diplomatas de vários países, principalmente da França, tem se envolvido num esforço para reduzir os ataques fronteiriços.

Um deles, falando ao jornal árabe Asharq Al-Awsat, baseado em Londres, disse que as chances de uma guerra total no Líbano "são muito altas".

Israel exige que o Hezbollah recue para além do rio Litani, permitindo assim que milhares de israelenses retornem a comunidades fronteiriças -- alvos da artilharia dos xiitas.

Centenas de pessoas já morreram nas escaramuças entre Israel e o Hezbollah desde que o grupo entrou no conflito em solidariedade aos palestinos de Gaza.

Nas últimas semanas, a propaganda de Israel tem se dedicado a falar sobre a ameaça das forças Radwan, a tropa de elite do Hezbollah, que segundo Tel Aviv pretende "conquistar a Galileia".

Em geral, campanhas publicitárias do gênero, organizadas pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), antecedem operações militares de vulto.

São justificativas antecipadas para legitimar ofensivas militares.

No último grande conflito que envolveu o Líbano, em 2006, Israel pulverizou o bairro xiita de Beirute, dando origem à doutrina de guerra segundo a qual a "punição coletiva de civis" é importante para desencorajar lideranças militares do inimigo -- como se vê agora em Gaza.