RENÚNCIA

Presidenta da Hungria, aliada de Vikton Orbán, renuncia ao cargo

Política de extrema direita, Katalin Novák é acusada de conceder perdão presidencial a um pedófilo; ela e Bolsonaro mantiveram ótimas relações

Créditos: Wikimedia Commons -Katalin Novák, política de extrema direita, renunciou à presidência da Hungria depois de perdoar um pedófilo
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A presidenta da Hungria, Katalin Novák, renunciou ao cargo após se envolver em uma polêmica pública sobre um perdão controverso que ela concedeu a um pedófilo.

“Estou renunciando ao meu cargo.Peço desculpas a quem magoei e a todas as vítimas que possam ter tido a impressão de que não as apoiei. Sou, fui e continuarei sendo a favor da proteção das crianças e das famílias”, acrescentou a ex-ministra dos Assuntos da Família, de 46 anos.

Novák é uma aliada próxima do primeiro-ministro do país, Viktor Orbán, e ocupava o posto desde maio de 2021.

Antes de ser presidenta, ela ocupou vários cargos importantes no governo húngaro, incluindo o de Ministra dos Assuntos Familiares, Juventude e Assuntos Internacionais na administração Orbán.

Ela é do partido Fidesz, uma formação política de extrema direita que tem dominado a política húngara sob a liderança de Orbán.

Novák é tem sido uma porta-voz conservadora fervorosa e é defensora de políticas voltadas para o fortalecimento dos valores familiares tradicionais na Hungria, promovendo incentivos para casais casarem e terem filhos, como parte dos esforços para reverter o declínio populacional do país.

A agora ex-presidenta também é conhecida por suas posições conservadoras em questões sociais, incluindo sua oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e à adoção por casais homossexuais na Hungria.

A eleição dela como presidenta foi considerado um momento histórico por ser a primeira mulher a ocupar o cargo no país. No entanto, na Hungria, o papel do presidente é majoritariamente cerimonial, com o primeiro-ministro exercendo a maior parte do poder executivo.

Protegeu pedófilo

Na semana passada, veio à tona que ela havia concedido perdão a um homem que foi condenado como cúmplice por ajudar a encobrir um caso de abuso sexual em um lar de crianças, ou seja, protegeu um pedófilo.

O perdão foi emitido, juntamente com dezenas de outros por vários crimes, por volta da época da visita do Papa Francisco a Budapeste em abril do ano passado. Isso só veio à luz recentemente, quando a mídia local noticiou sobre o caso.

À medida que os protestos aumentavam, Orbán tentou esta semana limitar os danos, submetendo uma emenda constitucional para restringir os poderes do presidente de perdoar criminosos que "prejudicam intencionalmente um menor".

Mas isso não acalmou a ira dos manifestantes, que se reuniram do lado de fora do palácio presidencial na sexta-feira à noite, enquanto os leais a Fidesz deixaram a equipe de assessores de Novák e falaram contra ela. Alguns pediram abertamente sua renúncia.

Em uma declaração televisiva neste sábado (10), Novák disse que pedia desculpas "a todos que ofendi e a cada vítima que possa ter sentido que eu não estava ao seu lado".

Admiradora de Bolsonaro

PR - Novák e Bolsonaro em Brasília em julho de 2022

Em julho de 2022, Jair Bolsonaro recebeu Novák em uma visita oficial meses antes das Eleições nas quais seria derrotado.

A agora ex-presidenta húngara publicou, na ocasião, nas redes sociais que foi convidada para vir ao Brasil porque o país tem seguido "políticas para a família".

"O Brasil é uma importante potência econômica, membro do G20 e dos BRICS. Estou ansiosa para conhecer o presidente Jair Bolsonaro", escreveu. 

Ela também registrou o encontro pelas redes sociais.