"MERCADO FAZ GUERRA"

Teixeira anuncia visita de Lula a assentamento do MST e defende Haddad

"O MST não é chapa branca"

Promessas.Paulo Teixeira fez uma enfática defesa do colega Haddad e diz que Lula vai participar do Abril VermelhoCréditos: Luiz Carlos Azenha
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O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, anunciou, neste sábado (7), na festa anual dos amigos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que o presidente Lula pretende visitar um assentamento e anunciar uma série de medidas que fariam parte do "abril vermelho" de 2025.

Além de Teixeira, o ministro da secretaria-geral da presidência da República, Márcio Macedo, compareceu ao evento e discursou.

Nos últimos dias, como parte do que batizou de "Natal com Terra", o MST realizou ações de ocupação em duas fazendas do Rio Grande do Sul, fechou a Estrada de Ferro Carajás no Pará, e fez vigílias nas sedes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Porto Alegre e Campo Grande. Todas as ações foram temporárias.

Os atos foram atribuídos pela mídia ao descontentamento do MST com os rumos do governo Lula. 

Há algumas semanas, o coordenador nacional do movimento, João Pedro Stedile, já havia manifestado sua oposição às pretensões brasileiras de interferir na política interna da Venezuela, país com o qual o MST tem relações próximas.

Recentemente, ele criticou diretamente o governo na rede X por mudanças no Minha Casa Minha Vida que, segundo Stedile, beneficiam as construtoras:

O governo mudou as regras do programa Minha Casa Minha Vida. Ampliou valores do imóvel e da renda. Praticamente, inviabilizou contratos com entidades dos movimentos populares. Resultado: 5 construtoras abocanharam 90% dos contratos. A ampliação acabou pegando mais uma classe média baixa do que os sem-teto das periferias, que ainda nem sabem que o programa existe... Segundo o Estadão, as 5 empreiteiras levaram R$ 6 bilhões somente no último trimestre e um lucro líquido de R$ 539 milhões. Estão exultantes.

Defesa de Haddad

Em seu discurso, o primeiro de um convidado, Teixeira fez uma defesa tanto dos métodos de protesto do MST quanto do seu colega de ministério Fernando Haddad.

Stedile assistiu ao discurso na plateia, sentado ao lado de Ana Estela Haddad, a esposa do ministro da Fazenda, que é Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde.

Enquanto dirigentes do MST conversavam com integrantes do governo, Stedile manteve-se discreto.

O ministro Teixeira fez um balanço das ações do governo Lula e elencou medidas que beneficiaram os mais pobres: tirou 24 milhões do Mapa da Fome, 8 milhões da pobreza, 3,9 milhões da miséria, gerou 3 milhões de empregos formais, a renda das famílias subiu 11% e a renda dos mais pobres subiu 37%.

A política econômica tocada pelo ministro Haddad é uma política anti-neoliberal, porque não houve privatizações. Pelo contrário, foram retiradas empresas que estavam sendo privatizadas e se retomou o controle sobre a Petrobras. Tudo o que se discute hoje é a partir do relaxamento de um teto de gastos que o mercado não aceitou, não admitiu e faz guerra. Hoje o mercado financeiro faz guerra e nós temos um lado nessa guerra.

Teixeira mencionou uma conversa que teve ontem com Haddad, na qual o ministro da Fazenda, sobre o pacote que será analisado pelo Congresso, disse: 'Se tiver de corrigir alguma coisa, será corrigido'.

Mas a centralidade do projeto, sempre segundo Haddad disse a Teixeira, é inclusão social, eliminação da pobreza e da miséria e distribuição de renda, dentre outros pontos.

Dirigindo-se diretamente a Stedile, Teixeira discursou:

O MST não é chapa branca. O MST é um movimento de luta, de reforma agrária, de pressão e o nosso governo tem de ter essa compreensão e tem.

Medidas de Lula

Teixeira descreveu um encontro com Lula na quinta-feira, quando sugeriu a visita a um assentamento do MST.

O presidente concordou, mas pediu uma lista de projetos que beneficiem pequenos agricultores para anunciar.

Teixeira mencionou um deles:

Conseguimos aprontar o Desenrola Campo e o Desenrola Rural, com 80% de perdão das dívidas e desnegativação dos agricultores.

Elencou, então, uma série de outras medidas, dentre as quais a principal é a liberação de R$ 1 bilhão para assentar ao menos 60 das 100 mil famílias hoje cadastradas como sem terra no Incra.

Além disso, como parte do programa Terra da Gente, o governo Lula separou até R$ 700 milhões para adjudicação de imóveis rurais de devedores da União, o que abre caminho para fazer novos assentamentos.

No campo da política, Teixeira elogiou as ações do MST em defesa de Lula quando o atual presidente estava preso e ganhou aplausos quando disse, sobre os golpistas de 2022, "sem anistia".

A data para eventual visita de Lula a um assentamento ainda está sendo negociada.

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