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Romênia: Corte Constitucional anula eleição presidencial faltando 2 dias para 2º turno

O órgão acatou denúncia do MP, a partir de investigação que aponta financiamento ilegal da campanha eleitoral do candidato de extrema direita

Imagem Ilustrativa da Romênia.Créditos: Pixabay
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Na sexta-feira (6), a apenas dois dias da realização do segundo turno da eleição presidencial na Romênia, a Corte Constitucional do país tomou uma decisão drástica.

O órgão acatou denúncia do Ministério Público, a partir de investigação que aponta financiamento ilegal da campanha eleitoral do candidato de extrema direita, Calin Georgescu, sobre as plataformas Tik Tok e Telegram. Com isso, o pleito foi anulado.

Em nota divulgada pela Corte, na sexta, o governo deverá indicar uma nova data para realização do pleito. O primeiro turno, no dia 24 de novembro, surpreendeu, pois um candidato sem partido e de extrema direita, que nas pesquisas sequer aparecia com 10% de intenção de votos, alcançou 23% nas urnas.

Na oportunidade, em uma eleição com 13 candidatos, o atual primeiro-ministro, e favorito nas pesquisas, Marcel Ciolacu (PSD Partido Social-Democrático), de centro-esquerda, e a jornalista, de orientação liberal, Elena Lasconi (União Salve a Romênia), receberam 19% dos votos, com uma ligeira vantagem de 2.180 votos para Lasconi.

Caso o resultado fosse mantido, seria a primeira vez no histórico eleitoral do país (desde 1989, quando caiu o ditador Ceausescu) que um candidato de centro-esquerda ficaria fora da disputa.

A Corte chegou a recontar os votos a pedido de outros candidatos, acabando por validar a votação. Porém, a chegada de novas denúncias pelo Ministério Público e o Conselho de Defesa do país sobre ataques cibernéticos e financiamento ilegal foram decisivas para virada.

Os candidatos Georgescu e Lasconi, que fariam a disputa neste domingo (8), criticaram a decisão. Em contrapartida, os outros adversários elogiaram a decisão e pediram calma à população.

Na quarta-feira (4), o atual presidente, Klaus Iohannis (PNL Partido Nacional Liberal), de centro-direita, havia declarado que houve uma campanha massiva dos russos para favorecer o candidato da extrema direita.

Georgescu é um populista de extrema direita, que tem explorado bastante o contexto da Guerra na Ucrânia para defender uma “neutralidade” do país, indicando que a Guerra da Otan contra a Rússia não atende aos interesses dos romenos.

Entre outras coisas, o candidato segue uma linha de pensamento semelhante à narrativa do presidente húngaro, Viktor Órban, e faz declarações polêmicas sobre o perfil ultracristão da população, o passado neofascista do país e é visto como próximo a Vladimir Putin.

Com aproximadamente 19 milhões de habitantes e uma diversidade étnica-cultural expressiva, a Romênia possui uma posição geopolítica importantíssima sendo fronteira com Ucrânia, Moldávia, Hungria, Sérvia e Bulgária, além de ser um porto importante do Mar Negro.

Historicamente, é uma nação marcada por disputas entre potências (russos, turcos, austríacos e alemães). Desde 2004 faz parte da Otan e, em 2007, da União Europeia.

Com um nível de desenvolvimento humano (IDH) considerado “muito alto” - mais alto do que o Brasil, ainda que considerado um dos países mais pobres da Europa -, a Romênia é uma das nações que mais sentiram os reflexos da guerra, como uma imigração massiva.

Sendo um dos maiores produtores agrícolas da Europa, os romenos também possuem uma reserva importante de gás natural e petróleo, mas distante de atender à crescente demanda interna por energia.

Com uma indústria ainda em processo de modernização, desde o fim do comunismo, os serviços dão a maior contribuição ao PIB do país, com destaque para o turismo. Trata-se de uma república com um sistema político semipresidencialista, semelhante ao francês.

Eleições parlamentares

Em paralelo ao pleito presidencial, houve no dia 1º de dezembro, eleições parlamentares no país, em que o PSD (Partido Social-Democrático), de centro-esquerda, venceu, com 22% dos votos.

Em seguida, o AUR (Aliança pela União dos Romenos), de extrema direita, com 18%; o PNL (Partido Nacional Liberal), de centro-direita, com 13,2% e o USR (União Salve Romênia), com 12,4%.

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