De BERLIM | Trabalhadores de todas as fábricas da Volkswagen da Alemanha cruzaram os braços nesta segunda-feira (2) em uma "greve de advertência" contra o fechamento de instalações, demissões em massa e cortes salariais que vêm sendo promovidos no país pela maior montadora de carros da Europa.
As "greves de advertência" são paralisações temporárias que geralmente duram algumas horas e que são deflagradas para pressionar as empresas durante as negociações com os trabalhadores. O IG Metall, maior sindicato dos metalúrgicos da Alemanha e que convocou a mobilização, informou, entretanto, que pode deflagrar uma greve total caso a Volkswagen não atenda às suas demandas.
"Se for necessário, esta será a batalha de negociação coletiva mais difícil que a Volkswagen já viu", afirmou Thorsten Groeger, representante do IG Metall designado para as negociações, em comunicado divulgado mais cedo.
"Esta greve é uma resposta clara aos cortes salariais propostos e à insegurança no futuro das fábricas. Estamos determinados a lutar por condições de trabalho justas e por uma política corporativa que respeite os direitos dos trabalhadores", prosseguiu o líder sindical.
Segundo o sindicato, mais de 10 mil funcionários de fábricas da Volkswagen em todo o país aderiram à paralisação. Os trabalhadores reivindicam responsabilidade da empresa que, diante de uma crise econômica escalonada pela concorrência chinesa com carros elétricos, não só interrompeu os reajustes salariais como propôs reduzir os salários em 10% para evitar mais demissões.
As paralisações começaram às 9h30 (horário local) na fábrica de Zwickau, uma das principais unidades de produção de veículos elétricos da montadora, e se expandiram para Wolfsburg, sede da empresa, e outras fábricas como Kassel-Baunatal e Dresden. Em cada uma dessas localidades, a produção foi suspensa por cerca de duas horas, com paralisações ocorrendo em todos os turnos do dia. A estratégia de interromper o trabalho em vários momentos reforça o impacto do movimento sem paralisar completamente as operações.
A Volkswagen justifica as medidas de austeridade como necessárias diante da queda nas vendas em mercados cruciais, como Europa e China, e pela pressão de custos em meio à transição para veículos elétricos. Contudo, os trabalhadores e o IG Metall alertam que a montadora deve assumir sua responsabilidade social, garantindo condições dignas de trabalho e a preservação de postos em um período de mudanças tecnológicas e econômicas.
A próxima rodada de negociações entre sindicato e empresa está marcada para 9 de dezembro. Até lá, os trabalhadores prometem intensificar a mobilização.