A câmara baixa do parlamento alemão aprovou na tarde deste sexta-feira (16) um voto de desconfiança contra o governo do chanceler Olaf Scholz, que liderava uma coalizão de centro-esquerda no governo.
Dos 717 parlamentares que participaram da votação, 394 posicionaram-se contra Scholz, enquanto 207 manifestaram apoio ao atual chanceler e 116 optaram pela abstenção.
Para a aprovação ou rejeição de um voto de confiança, era necessário um mínimo de 367 votos. Com a perda do apoio parlamentar e a provável dissolução do Bundestag pelo presidente do país Frank-Walter Steinmeier, haverá um novo pleito nacional.
As novas eleições foram marcadas para o dia 23 de fevereiro de 2025 e as pesquisas indicam uma vitória da CDU, partido de centro-direita, com cerca de 30% dos votos.
A extrema direita, representada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), aparece como a segunda força política. As projeções sugerem que o grupo conquistaria cerca de 20% dos votos, enquanto os sociais-democratas (SPD) - que ocupam atualmente o governo - alcançariam apenas 17% dos votos nos levantamentos.
O CDU já afirmou reiteradamente que não formará governo com o AfD, o que ressalta os desafios de criar coalizões em um parlamento fragmentado. A crise da social-democracia e da esquerda alemã abre caminho para o fortalecimento da direita e da extrema direita no país.
A origem da crise
Em novembro, o governo alemão entrou em colapso, culminando na demissão de Christian Lindner, ministro das Finanças, pelo chanceler Olaf Scholz, sob a acusação de quebra de confiança.
Lindner, integrante do Partido Liberal Democrático (FDP), fazia parte da coalizão governista com o SPD e os Verdes (Die Grüne). Essa aliança, conhecida como "semáforo" – uma referência às cores dos partidos: vermelho, amarelo e verde – vinha administrando a maior economia da Europa desde 2021.
A demissão foi motivada por discordâncias profundas sobre a política econômica. Scholz defende um orçamento mais robusto e uma maior presença estatal, enquanto Lindner, fiel aos princípios liberais, prioriza cortes de gastos e a redução do papel do Estado. Após o afastamento de Lindner, todos os ministros do FDP também renunciaram, deixando o governo sem maioria parlamentar.
Diante da crise, Scholz decidiu submeter seu governo a um voto de confiança, cuja queda se deu nesta segunda-feira (16).