Ele é um capitalista radical, um ultra neoliberal que quer o estado longe de programas e tarifas sociais, ao estilo do presidente da Argentina Javier Milei.
Quer dizer, quer o estado longe de tudo, mas próximo, coladinho a "empreendedores" como ele, com visão de futuro. Aqui no Brasil temos um exemplo conhecido, que agora anda em baixa, o ex-bilionário Eike Batista, que chegou a ser um dos homens mais ricos do mundo, vendendo "terrenos na Lua" como Musk vende em Marte.
Grande parte da fortuna de Elon Musk, hoje calculada em US$ 326 bilhões, de acordo com o rastreador de bilionários em tempo real da Bloomberg, vem de incentivos e auxílios que Musk não quer que o estado ofereça aos mais pobres.
O mercado sabe disso. Tanto sabe que a fortuna de Musk aumentou em cerca de US$ 64 bilhões, segundo a Bloomberg, com a eleição de Donald Trump, de quem ele foi um dos maiores apoiadores, chegando a investir (o verbo é este) quase US$ 100 milhões na campanha do ex e futuro presidente, outro que cresceu com benesses do estado.
Essa é uma prova de como negociam os bilionários. E qualquer um vai concordar que Musk fez um excelente negócio investindo US$ 100 milhões em Trump para receber US$ 64 bilhões, antes mesmo da posse do homem de cabelo laranja.
Na verdade o sucesso de Musk é vender sonhos, projetos futuros. A rede X, que era o Twitter, que ele comprou por US$ 45 bilhões, hoje vale menos de US$ 10 bilhões. A Tesla e a SpaceX, seus maiores negócios, não deram lucro até hoje e vivem de isenções e investimentos do governo dos Estados Unidos.
Sem contar o apelo patético que Musk fez para que o governo dos Estados Unidos taxasse os carros elétricos chineses, no que foi atendido por Biden e vai ser mais bem atendido ainda por Trump.
Tesla
A Tesla recebeu contratos governamentais relativamente modestos no passado, mas recebeu muita ajuda para começar, ajuda que foi crítica.
Em janeiro de 2010, a Tesla estava apenas começando e havia vendido menos de 2.000 veículos em toda a sua história. Então, a empresa recebeu um empréstimo a juros baixos de US$ 465 milhões do Departamento de Energia, meses antes de sua oferta pública inicial. Com o empréstimo, ele desenvolveu seu carro Modelo S, seu primeiro grande sucesso, e reembolsou o empréstimo antecipadamente com o produto de uma venda adicional de ações em 2013.
Quando a Tesla começou a vender carros, obteve um crédito fiscal de 7.500 dólares para compradores de veículos elétrico, o que permitiu à empresa e a outros fabricantes de automóveis vender veículos elétricos fabricados nos EUA a um preço mais elevado do que o mercado teria permitido de outra forma. Esse valor representa outros US$ 1,7 bilhão em ajuda federal à Tesla.
Mas o apoio financeiro mais importante da Tesla não vem de créditos fiscais para compradores de veículos elétricos, mas da venda de créditos regulamentares que outros fabricantes de automóveis compram para cumprir os regulamentos estaduais e federais destinados a reduzir os gases com efeito de estufa.
O dinheiro não vem dos contribuintes, mas sem regulamentação governamental não haveria bilhões a fluir para os cofres da Tesla. Entre 2008 e 2019, as vendas de créditos regulatórios geraram mais de US$ 2 bilhões para a empresa.
SpaceX
Embora a SpaceX não tenha divulgado as participações de Musk na empresa, sua estimativa está próxima de 50%.
O apoio dos contribuintes à SpaceX vem de contratos governamentais diretos no valor de bilhões.
De acordo com USASpending.gov, o banco de dados do governo que rastreia os gastos federais, a SpaceX assinou contratos no valor de quase US$ 20 bilhões. O maior deles ocorreu pouco antes do Natal de 2008, quando a SpaceX e Musk estavam praticamente sem dinheiro.
Esse contrato valia 1,6 bilhão de dólares e envolveu a realização de 12 missões de abastecimento à Estação Espacial Internacional (ISS). O acordo permitiu à SpaceX concluir o foguete Falcon 9, seu principal carro-chefe, e a cápsula Dragon, disse Casey Dreier, consultor sênior de política espacial da Planetary Society, um grupo de interesse público que defende voos espaciais.
“Eles estavam à beira da insolvência”, disse Dreier. “Elon ressaltou que eles estavam no limite na época e isso ajudou a salvar a empresa.”
Dreier disse que o acordo com a ISS e outros contratos permitiram à NASA transportar astronautas americanos sem depender da Rússia.
Desde então, a SpaceX garantiu vários contratos adicionais da NASA, dos militares e de outras agências governamentais dos EUA. Ganhou um contrato de US$ 3 bilhões para desenvolver o próximo veículo que levará astronautas à Lua. E Dreier disse que a empresa e outros contratados da NASA se beneficiam do acesso aos funcionários e conhecimentos da agência.
Ives disse que se a administração Trump aumentar o financiamento para os esforços da NASA para regressar à Lua e viajar para Marte, o valor da SpaceX poderá facilmente subir para 500 bilhões de dólares ou mais.
Por isso a devoção e os pulinhos de Elon Musk, o sorteio diário de US$ 1 milhão entre eleitores de Trump e o investimento ao redor de US$ 100 milhões na eleição de Trump. Seus milhões valem bilhões. Um negócio entre bilionários.
Com informações da CNN em espanhol
Siga o perfil da Revista Fórum e do escritor Antonio Mello no Bluesky