A presença de 10 mil soldados da Coreia do Norte em território russo, que Moscou não confirma, nem desmente, torna mais próxima uma guerra mundial desencadeada a partir do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
Os secretários de Estado e de Defesa dos Estados Unidos, ao lado de representantes da Coreia do Sul, disseram em Washington que as tropas norte-coreanas são treinadas em "artilharia, operações básicas de infantaria, inclusive limpeza de trincheiras, indícios de que há a pretensão de usá-las em operações na frente de batalha".
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As tropas da Coreia do Norte estariam na região russa de Kursk, onde a Ucrânia realizou uma ofensiva com o objetivo de desviar tropas russas que combatem no leste ucraniano.
Os norte-coreanos já forneceram centenas de milhares de peças de artilharia para apoiar a infantaria russa.
A espionagem sul coreana diz que a Rússia está pagando U$ 20 milhões mensais pelo "empréstimo" de tropas.
Nunca a Rússia avançou tanto em tão pouco tempo na frente leste, levando a Bloomberg a publicar um texto alarmista:
A Rússia capturou 1.146 quilômetros quadrados na Ucrânia desde agosto, cerca de um quarto a mais do que nos primeiros sete meses do ano, de acordo com cálculos da Bloomberg Intelligence baseados em alterações registadas pelo serviço de mapas DeepState, mantido em cooperação com o Ministério da Defesa ucraniano.
Washington sob pressão
O governo Biden está sob pressão da Ucrânia e de aliados para autorizar o uso dos armamentos fornecidos por Washington e pela OTAN em ataques com profundidade em território russo.
As baterias de mísseis ocidentais permitiriam à Ucrânia obliterar bases militares da retaguarda russa e poderiam provocar uma reação inesperada de Moscou, inclusive -- no extremo -- com armas nucleares táticas.
Por enquanto, Antony Blinken e Lloyd Austin, os secretários de Estado e Defesa dos EUA, dizem que se a Rússia utilizar tropas norte coreanas na frente de batalha elas se tornarão alvo legítimo da Ucrânia.
Fontes ocidentais citadas pela revista britânica Economist dizem que a Rússia perdeu 57 mil soldados este ano. Porém, o sucesso da ofensiva com alto custo humano levou a publicação a escrever que a Ucrânia está em "modo sobrevivência", por falta de tropas:
As unidades ucranianas estão fracas e sobrecarregadas, desgastadas por pesadas baixas. Apesar de uma nova lei de mobilização que entrou em vigor em maio, o Exército, com exceção de um punhado de brigadas, tem lutado para recrutar substitutos suficientes. [...] Os parceiros ocidentais estão encorajando, de forma privada, os líderes da Ucrânia a reduzir o limite mínimo de idade de mobilização de 25 anos, para aumentar o número potencial de recrutas.
Qualquer decisão substancial da Casa Branca sobre o futuro da guerra não será anunciado antes do resultado das eleições presidenciais de 2024.
No caso da eleição de Kamala Harris, é possível que os EUA autorizem a Ucrânia a levar a guerra abertamente às bases militares da retaguarda russa, como forma de evitar uma derrota militar em seu próprio território.