O ex-presidente da Bolívia Evo Morales está sendo acusado de estupro e tráfico de pessoas pelo atual governo do presidente Luis Arce, antigo correligionário e indicado por Evo à presidência.
Partidários de Evo no MAS (Movimento ao Socialismo) afirmam que há pelo menos cinco processos judiciais contra o ex-presidente. Recentemente, chegou a ser emitido um mandado de prisão contra ele, que foi posteriormente anulado por uma ordem de soltura a seu favor.
Evo Morales nega as acusações e ao mesmo tempo acusa o governo Luis Arce de lawfare, uso político da Justiça para atacar adversários.
Em seu perfil na rede X ele publicou esta manhã:
Há muito tempo informamos que o Governo de Luis Arce decidiu tornar-se um governo fascista e antipopular.
Desistiram de resolver quaisquer divergências democraticamente, para passarem à perseguição judicial.
O abuso judicial tornou-se a única ferramenta disponível para um governo esvaziado de legitimidade.
Esta não é a primeira vez que Evo Morales é alvo desse tipo de acusação. Em 2016, quando era presidente do país, foi revelado que ele teria mantido um relacionamento com Gabriela Zapata, gerente de uma empreiteira governamental.
Gabriela chegou a alegar que havia tido um filho com Evo quando ainda era menor de idade. Mas ao comparecer à Justiça apresentou como filho uma criança substituta, que teria contratado.
Um tribunal de família declarou que o filho do casal nunca existiu. A mulher passou seis anos presa por enriquecimento ilícito. E ainda foi condenada por tráfico de menores, exatamente pela contratação da criança.
Houve outra acusação semelhante no governo da golpista Jeanine Añez, atualmente presa pelo golpe de Estado. Em 2020, uma jovem foi detida e em seu celular foram encontradas mensagens supostamente trocadas com Evo Morales. Ela também alegou haver tido um filho com Evo quando menor de idade.
O então ministro do Governo Añez, Arturo Murillo, quis processar Evo Morales por estupro, mas não pôde fazê-lo pois a mulher não o denunciou. Na Bolívia, o crime de estupro é um crime privado, o que significa que, para que um processo seja acionado, é necessária a denúncia da vítima ou de seus pais. O que não houve.
Grupo de Puebla
O Grupo de Puebla, por sua vez, considera que algumas das acusações contra o ex-presidente são “infundadas” e que outras já foram “resolvidas judicialmente no passado”.
“Convidamos o governo do Presidente Arce a não permitir que o seu governo, as próprias autoridades judiciais ou algumas organizações de controle participem nesta operação de dano à reputação contra um cidadão. Estas práticas vão contra a ética do progressismo democrático e podem abrir caminho para o aspirações da direita boliviana nas próximas eleições presidenciais”, insistiram.
O Grupo de Puebla tem tentado pacificar a relação entre Arce e Morales, até o momento sem sucesso. Ainda assim continuam em busca “de espaços pacíficos e democráticos de reencontro entre as facções distintas do MAS”.
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