Há alguns dias a pequena Ruby Grainger, de 7 anos, caminhava por uma área verde e bem arborizada no conjunto habitacional onde vive com a família, nos subúrbios de Dublin, na Irlanda, para comprar sovertes num caminhão, quando se deparou com uma cena bastante comum naquela área: uma pequena fogueira, normalmente feita por vizinhos arruaceiros que habitam os prédios baixos do bairro.
No momento em que a criança estava bem próxima às chamas, que não era grandes e preocupantes, um estouro foi ouvido e a menina imediatamente começou a gritar e chorar muito. A mãe, Ciara Grainger, pôde ouvir os gritos da filha, segundo ela “histéricos”, que em questão de minutos abriu a porta de casa com o rosto coberto de sangue e em estado de choque.
Desesperados, os familiares a pegaram no colo e imediatamente acionaram uma ambulância. Em poucos minutos a unidade de resgate chegou à residência e já transferiu a menina para o Hospital Tallaght, relativamente perto do conjunto. Ela foi direto para a sala de emergência e lá os médicos notaram que o caso era muito grave, urgente e cirúrgico.
No mesmo dia Ruby foi transferida para o Hospital de Olhos e Ouvidos Royal Victoria, também em Dublin, para que fosse operada em caráter de emergência. Os cirurgiões de vistas, ao limparem a área, viram algo inédito. O globo ocular da menina estava praticamente “derretido”, como se tivesse sido corroído por algo, diferentemente de um quadro de trauma quando o olho é atingido por alguma coisa. Em resumo, Ruby não foi atingida por algo projetado a partir da fogueira, mas sim por uma substância, presumivelmente corrosiva.
A polícia e a família foi ao local da fogueira, dias depois, e no local encontraram um vape (dispositivo eletrônico que simula um cigarro, cujo consumo aumenta assustadoramente no mundo, sobretudo na Europa) com claros sinais de que estava “estourado” em seu fundo, onde está instalado um compartimento de fluído pressurizado que é ácido e corrosivo. Com o aquecimento, ao ser lançado direta e propositalmente nas chamas, a pequena cápsula detonou e jorrou na direção da criança, acertando sua vista.
Ruby já passou por alguns procedimentos cirúrgicos e agora aguarda a cicatrização da órbita ocular, que também foi danificada e “corroída”, assim como desinchar o outro lado da face, para que uma prótese seja instalada. Por óbvio, ela perdeu a visão do olho direito e não há nada que os médicos possam fazer nesse sentido.
“Acho que não acredito até agora que a menina não tem mais o olho. Por uma fração de segundo, toda a vida dela mudou, e a minha também. Quando ela perdeu o olho, eu perdi o meu... Se eu pudesse dar o meu a ela, eu daria. Eu daria tudo por ela, ela tem apenas sete anos, e isso nunca deveria ter acontecido com ela. Eu não consigo acreditar”, disse a mãe, revoltada e desesperada, à reportagem do jornal irlandês Irish Mirror.
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