Yamandú Orsi, candidato de esquerda da Frente Ampla e considerado o "pupilo" do ex-presidente José Pepe Mujica, lidera as pesquisas intenções de voto para a eleição presidencial no Uruguai, que será realizada no próximo dia 27 de outubro. Apesar da liderança de Orsi, o pleito pode seguir para um segundo turno, uma vez que os votos dos candidatos da coalizão governista de direita, que concorrem separadamente, podem ser somados, formando um bloco competitivo.
Os eleitores uruguaios vão às urnas para eleger o novo presidente e vice-presidente, que governarão de 2025 a 2030, além de 30 senadores e 99 deputados. Se nenhum candidato atingir mais de 50% dos votos válidos, um segundo turno será realizado no dia 24 de novembro.
A coalizão de direita
A coalizão de direita, liderada pelo atual presidente Luis Lacalle Pou, não lançou somente um candidato à presidência, mas vários. Diferentes partidos da coalizão apresentam seus próprios candidatos, que compartilham uma plataforma comum de governo, o que permite que, no segundo turno, seus votos sejam somados. Essa estratégia visa forçar um segundo turno contra a Frente Ampla liderada por Yamandú Orsi.
Entre os candidatos da coalizão governista de direita, o mais forte é Álvaro Delgado, ex-secretário da presidência de Lacalle Pou, do Partido Nacional. Ele tem maiores chances de seguir para o segundo turno, à frente de Andrés Ojeda, advogado do Partido Colorado. Outros candidatos, como o general aposentado Guido Manini, do Cabildo Abierto, e Pablo Mieres, ex-ministro do Trabalho do Partido Independente, aparecem com menor força.
Disputa apertada nas pesquisas
Segundo as últimas pesquisas, Orsi lidera, mas a soma dos votos dos candidatos da coalizão governista o mantém sob pressão. A pesquisa da Opción, por exemplo, aponta que Orsi teria 42% dos votos se a eleição fosse hoje, enquanto os candidatos da coalizão juntos somariam 41% (24% para Delgado, 12% para Ojeda, 3% para Manini e 2% para Mieres). Ou seja, a coalizão, mesmo dividida entre diferentes partidos, alcança um percentual muito próximo ao de Orsi, podendo reverter a situação no segundo turno.
Outros levantamentos corroboram esse cenário. A pesquisa da Equipos Consultores mostra Orsi com 43%, enquanto os candidatos da coalizão juntos teriam 40% (Delgado com 21%, Ojeda com 15%, Manini com 3% e Mieres com 1%). Já o instituto Cifra Consultora coloca Orsi com 44%, e os candidatos da coalizão somando 41%.
Essa estratégia de apresentar vários candidatos da mesma coalizão governista funciona como uma tentativa de consolidar o maior número de votos possíveis entre eleitores de centro-direita. Embora Delgado, Ojeda, Manini e Mieres concorram separadamente no primeiro turno, o objetivo da coalizão é que os eleitores se unam no segundo turno em torno do candidato que for mais votado entre eles. Isso cria um cenário em que, mesmo se Orsi liderar no primeiro turno, as forças da coalizão podem se unir para vencê-lo no segundo turno.
Quem é Yamandú Orsi, o pupilo de Mujica
Yamandú Orsi foi governador do departamento (equivalente a estado no Brasil) de Canelones de 2015 a 2024. Sua gestão foi marcada por políticas voltadas para o desenvolvimento local e o bem-estar da população, especialmente em áreas de infraestrutura e inclusão social. Orsi, que é considerado o pupilo do ex-presidente José Pepe Mujica, compartilha uma visão política de esquerda e tem forte conexão com movimentos populares.
Em 2023, se reuniu com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na chácara de Mujica no Uruguai.
"Uma honra poder conversar com Lula e Pepe. A sua presença e a dos seus ministros no Uruguai são um sinal de esperança para o posicionamento da região num mundo que se fecha", disse à época.
*Com informações do site Perfil Uruguay