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Israel cometeu "terrorismo de estado" no Oriente Médio, afirma número 2 da diplomacia russa

Em entrevista coletiva, Sergey Ryabkov, vice-ministro de Relações Exteriores, afirmou que vitória de Trump pode piorar situação no Oriente Médio

Sergey Ryabkov é uma das figuras mais importantes da diplomacia russa Créditos: Fundo Gorchakov
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De MOSCOU | Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (11), o vice-ministro de Relações Exteriores da Federação Russa, Sergey Ryabkov, afirmou que Israel cometeu "terrorismo de Estado" no contexto dos ataques contra pagers no Líbano, que deixaram 37 mortos e milhares de feridos.

Ryabkov é sherpa, ou seja, é o chefe da organização da Cúpula dos BRICS de 2024 — que ocorre na próxima semana — detalhou a posição de Moscou sobre o Oriente Médio.

O diplomata condenou enfaticamente os ataques israelenses contra os palestinos, além de lamentar também a ofensiva do Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023.

"É uma tragédia terrível o que está acontecendo. E agora temos um risco muito claro de que isso pode piorar ainda mais. Acho que o governo de Israel passou a acreditar que, não importa o que faça, terá cobertura e proteção total dos EUA", afirmou.

"Após esse terrível e trágico ataque terrorista de 7 de outubro do ano passado, que condenamos, Israel usou isso como pretexto para uma guerra interna com enormes baixas, grande destruição e danos colaterais infinitos", continuou.

"Isso foi seguido por atos ultrajantes de terrorismo de Estado, quando o governo de Israel organizou assassinatos de importantes figuras políticas ao redor do mundo e também utilizou dispositivos explosivos em mensagens de texto. Isso é enorme e único. Condenamos veementemente suas ações intermináveis de agressão, intrusões e bombardeios em territórios de países vizinhos sob o pretexto de eliminar o que chamam de representantes iranianos", prosseguiu Ryabkov.

O diplomata ainda defendeu o reconhecimento de um estado palestino contínuo territorialmente — o que implicaria uma regressão das atuais fronteiras israelenses — e o reconhecimento de Jerusalém Oriental como capital palestina.

"Pedimos um cessar-fogo imediato, mas também uma solução que, no caso da Palestina, signifique o retorno à fórmula reconhecida internacionalmente, que, entre outras coisas, inclui o estabelecimento de um estado palestino independente, territorialmente contínuo, com capital em Jerusalém Oriental", completou.

Diferença entre Kamala e Trump?

Na visão de Sergey Ryabkov, o apoio incondicional de Washington às ações israelenses revela uma postura de hipocrisia dos EUA.

"Temos uma situação no Conselho de Segurança da ONU em que todo e qualquer projeto de resolução que contenha uma demanda obrigatória a ser seguida pelo governo israelense está sendo vetado pelos EUA. Isso mostra o cinismo de Washington", afirmou.

Os EUA se preparam para eleições no próximo dia 5 de novembro e, na visão russa, nenhum dos dois resultados possíveis significará uma mudança significativa na diplomacia do país para o Oriente Médio. De acordo com Ryabkov, Trump foi responsável pelas bases da diplomacia estadunidense atual sobre a guerra.

"Não espero nenhuma melhora nas políticas dos EUA após as eleições de 5 de novembro, independentemente de quem vencer. Se Kamala Harris vencer, teremos a mesma política; se Trump vencer, pode piorar. Conhecemos suas e suas opiniões sobre isso de seu mandato anterior", concluiu.

Esta reportagem foi viabilizada pelo programa de bolsas InteRussia, organizado pelo Fundo Gorchakov e pela Agência Internacional de Informação e Rádio "Sputnik".

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