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Público passa mal em ópera com sexo explícito, sangue falso e piercing ao vivo

Peça pouco comum, embora antiga, foi apresentada em Stuttgart, na Alemanha, e fez com que vários espectadores precisassem de socorro médico

Trecho de Sancta, apresentada na Alemanha.Créditos: YouTube/Reprodução
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Uma apresentação de ópera incomum, na cidade alemã de Stuttgart, terminou com vários espectadores passando mal e precisando de socorro médico no último fim de semana. O espetáculo Sancta, montado com base na obra Sancta Susanna, do compositor alemão Paul Hindemith (1895-1963), já havia criado furor e protestos em sua primeira versão, há mais de um século, em 1922. Desta vez, não foi diferente.

Dirigida pela coreógrafa Florentina Holzinger, a ópera mostra cenas que têm a clara intenção, como é natural da arte, de provocar e contestar questões relacionadas à espiritualidade e a opressão sexual das mulheres. Em alguns momentos houve atos de relação sexual real, a utilização de litros e mais litros de sangue falso, acrobacias dolorosas e até ferimentos, como a colocação ao vivo de piercings em algumas atrizes. Em termos mais técnicos, Sancta é uma abordagem polêmica e muito explícita de temas como o celibato e luxúria presente no cristianismo, promovendo uma simbiose estilística do Expressionismo com o Romantismo Gótico.

O assessor de imprensa da Ópera de Stuttgart, Sebastian Ebling, informou que pelo menos 18 pessoas passaram mal durante a apresentação do fim de semana passada, com diferentes sintomas. Ele diz que a maioria sentiu apenas desconforto e náuseas, mas que três casos precisaram de atendimento médico de emergência porque os espectadores ficaram em estado de choque e apresentando vômito.

Diferentemente do que acontece no Brasil em casos do tipo, em que o poder público, sobretudo aqueles comandados por políticos de extrema direita, se manifesta condenando o número artístico, Arne Braun, secretário de Cultura do estado de Baden-Württemberg, onde fica Stuttgart, disse que aquilo era uma manifestação artística livre e que, aqueles que não quisessem assistir à ópera, deveriam apenas não aparecer no teatro.

“Essas questões sobre espiritualidade, fé, comunidade e o papel dos gêneros precisam ser tratadas sempre de novas formas, inclusive no palco... Essa é a ideia por trás da liberdade da arte. E quem não quiser ver isso, por favor, fique longe”, respondeu Braun ao ser questionado pela agência alemã DPA.