ESCÂNDALO

Crescem as suspeitas de que Epstein era agente do Mossad

Com campanha eleitoral nos EUA, disparam trocas de acusações nas redes

Idiota útil.O príncipe Andrew seria um "idiota útil" no esquema de Ghislaine e Jeffrey para chantagear ricos e poderosos em nome do MossadCréditos: Reprodução
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Com a divulgação de três lotes de documentos relativos a um processo civil contra Ghislaine Maxwell, companheira do financista Jeffrey Epstein, por um tribunal de Nova York, crescem as suspeitas de que ele tenha prestado serviços ao Mossad, o serviço de espionagem de Israel.

Os nomes mencionados no processo estavam protegidos pelas denominações Joe ou Jane Doe, antes que a juíza Loretta Preska autorizasse a quebra de sigilo.

O caso do qual os documentos fazem parte foi movido por Virginia Giuffre. Ela tinha 17 anos de idade quando diz ter sido recrutada por Ghislaine e Epstein na Flórida e "treinada" para prestar serviços sexuais a amigos do casal.

Virginia alega ter feito isso nas propriedades de Epstein na Flórida, em Nova York, num rancho do Novo México e na ilha exclusiva do financista no Caribe.

REDE DE HOMENS VELHOS, BRANCOS E PODEROSOS

Dentre os poderosos que ela diz ter "servido" estão o advogado Alan Dershowitz, o ex-senador democrata George Mitchell e o ex-governador do Novo México, o democrata Bill Richardson.

Além disso, ela teria sido apresentada pelo casal ao príncipe Andrew, da monarquia britânica.

A ação de Virginia contra Epstein terminou com um acordo em que ela recebeu U$ 500 mil. O financista também pagou a várias outras acusadoras para encerrar processos civis.

Epstein se enforcou na cadeia em agosto de 2019, depois de ser preso por conta de uma investigação federal em que ele e Ghislaine foram acusados de traficar menores para prestar serviços sexuais. Ghislaine recebeu uma sentença de 20 anos e está presa na Flórida.

O príncipe Andrew perdeu títulos militares e o direito de usar "Sua Alteza" antes de encerrar a ação movida contra ele por Virginia Giuffre nos Estados Unidos, por valor não divulgado.

Os ex-presidentes Donald Trump e Bill Clinton são mencionados nos documentos divulgados, mas sem que haja acusação de pedofilia contra ambos.

Nas últimas horas, fake news em escala industrial começaram a circular nas redes sociais, inclusive vídeos sugerindo que o presidente Joe Biden teria relação com pedofilia.

A falsa teoria de que os democratas operam uma rede internacional de pedofilia, sem qualquer base factual, foi disseminada por integrantes do QAnon, grupo de apoiadores de Donald Trump dedicado a espalhar teorias de conspiração.

Com o início da campanha eleitoral nos Estados Unidos, Trump está sujeito ao requentamento do noticiário sobre suas relações próximas com Jeffrey Epstein.

AGENTE DO MOSSAD

Nos documentos revelados até agora também aparece o nome do ex-primeiro ministro de Israel, Ehud Barak.

De acordo com o diário britânico Daily Mail, Barak teve 36 encontros com Epstein no apartamento deste em Manhattan.

Barak chefiou as Forças de Defesa de Israel antes de ocupar o cargo de primeiro-ministro (1999-2001) e foi ministro da Defesa entre 2007 e 2013.

Ghislaine Maxwell é filha do magnata da mídia britânica Robert Maxwell, também suspeito de servir ao Mossad. Teria sido ele o elo de ligação entre Epstein e a inteligência de Israel.

Ari Ben-Menashe, ex-operador do Mossad, disse ao Russia Today que Epstein tinha a tarefa informal de envolver personagens importantes em sua rede de pedofilia, para efeitos de chantagem política.

Neste contexto, segundo o Daily Mail, o príncipe Andrew teria sido um "idiota útil".

A morte de Maxwell, o pai de Ghislaine, supostamente por causa de um ataque do coração, seguido por afogamento acidental, em 1991, levantou uma série de especulações.

Ele estava a bordo de um iate nas proximidades das ilhas Canárias, já sabendo que seu império de mídia entraria em colapso por causa de dívidas, o que eventualmente aconteceu.

Maxwell foi enterrado no Monte das Oliveiras, em Jerusalém, com a presença dos então presidente e primeiro-ministro de Israel, Chaim Herzog e Yitzhak Shamir, além das mais altas autoridades da inteligência israelense.

A possibilidade de que ele tenha recrutado Jeffrey Epstein através da filha Ghislaine -- cujo nome batizou o iate do pai -- ajuda a explicar a estranha relação do casal.

Ghislaine foi condenada por agenciar menores para servir ao marido e aos amigos dele, embora os dois mantivessem a fachada de uma relação estável.