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Ataque no Irã mata 84 e aumenta turbulência regional

Ninguém assumiu atentados até agora

Gasolina em incêndio.Duas bombas explodiram em meio à multidãoCréditos: Agência IRNA
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Um ataque terrorista matou ao menos 84 pessoas na cidade iraniana de Kerman, durante as cerimônias do quarto aniversário da morte do general Qassem Soleimani, de acordo com o Times de Teerã.

O general, da cúpula da Guarda Revolucionária do Irã, foi assassinado pelos Estados Unidos em 3 de janeiro de 2000, quando visitava o Iraque.

Teerã considera o general o "arquiteto" de uma nova geometria regional, de resistência às tentativas de Washington de redesenhar o mapa do Oriente Médio.

Depois das invasões do Afeganistão e do Iraque, de derrubar o governo da Líbia e de tentar fazer o mesmo na Síria, os Estados Unidos trabalhavam para incorporar a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos numa "arquitetura de segurança regional formada por nações 'democráticas' alinhadas a seus interesses", na visão de uma articulista do Teerã Times, porta-voz do governo do Irã.

Cabia ao general Soleimani organizar a resistência, como segundo líder mais importante do regime, abaixo apenas do aiatolá Khamenei. Ele foi morto em ataque de drone dos Estados Unidos, autorizado pelo presidente Donald Trump, perto do aeroporto de Bagdá, quando estava a caminho de se encontrar com o primeiro-ministro do Iraque.

Na visão de Teerã, Soleimani se tornou alvo "depois de revitalizar a resistência fragmentada em toda a região. Os combatentes na Palestina, no Líbano, na Síria, no Iraque e no Iêmen começaram a aproveitar a experiência do comandante, utilizando a sua orientação para se reorganizarem em baluartes firmes contra os EUA e seus aliados".

Hoje, milhares de pessoas estavam nas proximidades do mausoléu de Soleimani quando as bombas explodiram.

MOSSAD E ESTADO ISLÂMICO

As redes sociais foram imediatamente tomadas por especulação sobre quem seriam os grandes inimigos de Soleimani: o Mossad, Israel e o Estado Islâmico.

O Irã esteve na linha de frente do combate ao EI, também conhecido como ISIS ou Daexe -- como é chamado pelos persas. O Estado Islâmico é formado por radicais sunitas que consideram os xiitas iranianos apóstatas.

Autoridades locais citadas pela agência IRNA dizem que duas bombas explodiram nas proximidades da multidão que participava do evento em memória a Soleimani.

No último dia 25, Israel matou em Damasco o iraniano Sayyed Razi Mousavi, que fazia a coordenação da aliança militar entre o Irã e a Síria. Assim como Soleimani, ele era do alto escalão da Força Quds, uma das divisões da Guarda Revolucionária.

"O regime sionista, selvagem e usurpador, vai pagar por este crime", reagiu a Guarda. O Hamas, o Hezbollah e os hutis do Iêmen também condenaram o ataque.

Eles formam o que no Oriente Médio é conhecido como "arco de resistência" aos Estados Unidos e Israel.

O ataque a Mousavi foi a ação direta mais ousada de Israel contra o Irã em tempos recentes.

Desde que reatou relações diplomáticas com a Arábia Saudita e retomou negociações com o governo Biden para aliviar o bloqueio econômico, o Irã tem conduzido sua diplomacia com cautela, tentando evitar uma guerra regional de grandes proporções.

Setores radicais do governo extremista de Israel sustentam que a guerra contra o Hamas vai passar pelo Líbano, que abriga o Hezbollah, e chegar a Teerã.

Até agora, ninguém assumiu os atentados em Kerman.