Um novo estudo publicado pela periódico Proceedings of the National Academy of Sciences mostrou novas descobertas surpreendentes dos cientistas sobre a Anomalia Magnética do Atlântico Sul, uma "falha" no campo magnético da Terra que expõe a região Centro-Sul do Brasil aos ventos e explosões solares.
Os cientistas da Universidade de Liverpool estudaram rochas vulcânicas na ilha de Santa Helena, um território britânico localizado bem no meio do Atlântico. Como essas rochas ígneas preservam registros do campo magnético da Terra, foi possível estimar que essa anomalia não é recente ou isolada, mas que outras anomalias ocorreram entre 8 e 11 milhões e anos atrás.
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Ou seja, segundo os pesquisadores, a anomalia que afeta o campo magnético da Terra e paira sobre o Brasil, é, na verdade, um processo de milhões de anos.
“Nosso estudo fornece a primeira análise de longo prazo do campo magnético nesta região que remonta a milhões de anos”, afirmou Yael Engbers, principal autor do estudo, em comunicado. “Isso revela que a anomalia no campo magnético no Atlântico Sul não é isolada, anomalias semelhantes existiam há 8 a 11 milhões de anos.”
O que é a Anomalia Magnética do Atlântico Sul?
A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) é uma região onde chegam as maiores intensidades de radiação cósmica. O buraco no campo magnético fica localizado sobre o Atlântico Sul, mais especificamente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, Paraguai e norte da Argentina, mas se estende de maneira menos intensa até o sul do continente africano.
A AMAS é verificável por conta um "mergulho" no campo magnético terrestre nesta região, causada pelo fato de que o centro do campo magnético terrestre está deslocado em relação ao centro.
O enfraquecimento do campo magnético na AMAS é responsável por deixar a região mais suscetível à radiação cósmica e aos ventos solares, o que pode afetar satélites em órbita e missões espaciais, ou mesmo os sistemas de energia elétrica.
Estudos mostram que a Anomalia Magnética do Atlântico Sul cresceu no período entre 1970 e 2020, e o campo magnético da Terra perdeu 9% de força nos últimos 200 anos, sendo o maior impacto na região da anomalia.
”Por que as agências espaciais tem interesse na anomalia? Porque como essa região tem um campo mais enfraquecido, as partículas do vento solar adentram nessa região com mais facilidade, o fluxo de partículas carregadas que passam por aquela região é muito mais intenso”, explica o doutor em Física, pesquisador do Observatório Nacional, Marcel Nogueira, à Agência Brasil.