País envolvido com guerras há décadas, os Estados Unidos não são parceiros da morte apenas na política externa. Internamente, o país ainda mantém a pena de morte em alguns estados como medida radical de punição de crimes.
É o caso de Kenneth Eugene Smith, que aguarda, no corredor da morte do Alabama, sua execução no próximo dia 25, quinta.
O caso de Smith tem duas particularidades: primeiro, ele já foi "executado" anteriormente. Em 2022, Smith incrivelmente sobreviveu à aplicação de uma injeção letal, que deveria matá-lo. A segunda particularidade é que o método que será usado para sua execução é inédito nos Estados Unidos, o que o está deixando nervoso e com crises de pânico.
Em entrevista à rede britânica BBC, com respostas por escrito trocadas com a ajuda de um intermediário, Smith disse que tem sido submetido a práticas de tortura na prisão.
"Sinto náuseas o tempo todo. Os ataques de pânico acontecem regularmente... Isso é apenas uma pequena parte do que tenho lidado diariamente. Tortura, basicamente", ressaltou ele, que pediu que o estado do Alabama cancelasse a execução "antes que seja tarde demais".
A execução de Kenneth Eugene Smith será por um método inédito em humanos: inalação de nitrogênio, quando o detento é forçado com uma máscara a inalar apenas nitrogênio, o que provoca a morte por hipóxia (falta de oxigênio).
Smith foi condenado pelo assassinato da mulher de um pastor em 1988, feito sob encomenda com um parceiro. Este foi executado com a injeção letal, que, no entanto, não foi capaz de matar Smith.
O conselheiro espiritual do condenado, Reverendo Jeff Hood, diz que Smith já deixou claro que não tem medo de morrer, mas da tortura de todo o processo e da possibilidade de sobreviver em estado vegetativo.
"Estamos alarmados com iminente execução nos Estados Unidos de Kenneth Eugene Smith, com um método novo e não testado, a hipoxia nitrogenada", disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
Segundo a porta-voz, a execução "poderia constituir tortura ou outros tratamentos cruéis e degradantes, segundo o direito internacional", afirmou.
O protocolo de execução por hipoxia nitrogenada do Alabama não prevê a sedação, prática que é recomendada pela Associação de Veterinários, até para animais que são sacrificados com este método.
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