A belíssima e histórica cidade de Granada, no Sul da Espanha, surgiu nas páginas de jornais de todo o mundo nos últimos dias e não foi por conta da deslumbrante Alhambra ou de seus jardines de Generalife, tampouco por abrigar a Huerta San Vicente, onde o icônico poeta Federico García Lorca passou muitos de seus dias antes de ser covardemente assassinado pelos franquistas.
Vítimas cada vez mais frequentes de blecautes, que ocorrem quase que diariamente, os moradores da linda e tórrida cidade andaluza, aos pés da Sierra Nevada, têm enlouquecido com a falta de luz que se repete à exaustão nos últimos anos, e a explicação para o fenômeno é muito inusitada: a maconha.
Com uma lei que permite o cultivo de cannabis em casa para consumo próprio e penas bastante brandas para quem as cultiva em maior escala, e acaba até mesmo a vendendo, a Espanha viu explodir o número de pequenos produtores da planta por todo o país e isso ocorreu de forma bastante acentuada em Granada.
Para conseguir uma boa “safra” da cannabis, plantada em locais fechados, é necessário o uso de muita luz nessas estufas, que simulam ali a claridade solar, garantindo o processo fundamental da fotossíntese, assim como a instalação de aparelhos de ar-condicionado para a manutenção da temperatura ambiente.
Maior companhia energética da Espanha, a Endesa divulgou uma nota técnica explicando que esse excesso de aparelhos e lâmpadas fortes está ocasionando picos de consumo que invariavelmente comprometem o fornecimento de luz e ocasionam as quedas frequentes na força. Para embasar sua explicação, os engenheiros da companhia mostraram, cruzando essas informações com dados da polícia local, que um terço de todas as autuações por furto de energia nos bairros da região norte da cidade (ligações clandestinas), onde os blecautes são mais comuns, era por conta de imóveis nos quais foram instalados equipamentos para o cultivo da maconha.