ANNE FRANK

Professora é demitida por ler trechos "pornográficos" de O Diário de Anne Frank em sala de aula

Instituição escolar deu justificativa bizarra para censurar clássico da literatura

Anne Frank.Professora é demitida por ler livro de Anne Frank que possui passagens sobre sexualidadeCréditos: Casa Anne Frank
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Uma professora de ensino fundamental da Hamshire-Fannett Independent School District, em Hamshire, no Texas, EUA, foi demitida após ler com alunos do oitavo ano um trecho do Diário do Anne Frank.

Os trechos citam temas íntimos descritos pela adolescente que escrevia durante sua fuga do regime nazista. Segundo alguns pais, o livro tinha passagens “pornográficas” ou “demasiado gráficas”.

Esses trechos não aparecem nas versões mais clássicas do livro pois foram censuradas pelo pai de Anne, Otto Frank. Contudo, em edições mais recentes, os escritos da garota sobre sua sexualidade entraram no texto, considerado um clássico para conhecer o terror do Holocausto por uma perspectiva adolescente.

Em 24 de março de 1944, Anne Frank escreveu sobre o corpo feminino e relatou ter pedido para uma amiga mostrar os seios em uma ocasião. À época, ela tinha 14 anos, a mesma idade dos alunos do oitavo ano.

A professora foi demitida por ler o trecho e a escola pediu desculpa aos pais por conta da passagem. "Já seria ruim se ela os obrigasse a ler o trecho para um trabalho, mas pedir para ler em voz alta o relato de uma menina a sentir seus peitos e o seu êxtase ao ver uma mulher nua… Isso não está certo”, disse uma mãe à televisão local. 

O caso está sendo investigado pela polícia texana.

Quem é Anne Frank

Anne Frank foi uma adolescente judia alemã que se tornou conhecida mundialmente por seu diário, "O Diário de Anne Frank". Ela nasceu em 12 de junho de 1929 em Frankfurt, Alemanha, e sua família emigrou para Amsterdã, Holanda, em 1933, para escapar da perseguição nazista.

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, Anne e sua família se esconderam em um anexo secreto de um prédio comercial em Amsterdã para evitar a deportação para campos de concentração. Durante os mais de dois anos de confinamento, Anne manteve um diário onde registrava seus pensamentos, sentimentos e observações sobre a vida no esconderijo. Seu diário documenta a luta pela sobrevivência e a busca por normalidade em meio à guerra e à discriminação.

Infelizmente, em agosto de 1944, a família Frank foi traída e presa pelos nazistas. Anne e sua irmã Margot foram deportadas para o campo de concentração de Auschwitz e, mais tarde, para Bergen-Belsen. Anne contraiu tifo e, tragica­mente, morreu em março de 1945, pouco antes da libertação do campo pelas forças aliadas.

Após a guerra, o diário de Anne foi encontrado e publicado por seu pai, Otto Frank, o único membro sobrevivente da família. O livro, que se tornou um dos mais lidos e traduzidos do mundo, oferece um relato íntimo da vida de Anne durante o Holocausto e se tornou um símbolo poderoso da injustiça e do sofrimento causados pelo nazismo.

Trechos pornográficos?

O diário de Anne Frank contém algumas referências ao sexo e à sexualidade, muito distantes da pornografia. Além das passagens de 1944 citadas a cima, em setembro de 1942, quando tinha 13 anos, Anne escreveu duas páginas em seu diário que continham quatro piadas “sujas” e mais de 33 linhas explicando sexo, contracepção e prostituição.

Em seu diário, Anne também escreveu sobre uma conversa íntima com Peter van Pels, um menino que estava escondido com ela e sua família, mas esta passagem foi deixada de fora da versão reescrita de seu diário. No geral, embora o diário de Anne contenha algumas referências ao sexo e à sexualidade, os especialistas do seu diário dizem que o texto recém-descoberto, quando estudado com o resto do seu diário, revela mais sobre o seu desenvolvimento como escritora do que sobre o seu interesse por sexo.