Nesta terça-feira (19), se iniciam os discursos dos 193 países membros da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2023 em Nova York, nos EUA. O encontro, que deve ter como principais temas a mudança climática e a segurança internacional, será aberto com um discurso do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Porém, apesar do crucial e importantíssimo discurso brasileiro, outros estados membros podem dar contribuições importantes para os temas globais. Confira uma curadoria da Fórum para entender em quem prestar atenção nos discursos da 78ª Assembleia Geral da ONU.
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O discurso de Lula
O discurso do presidente Lula vai abrir o debate geral da Assembleia Geral da ONU de 2023, como é de costume do Brasil, que abre os encontros do grupo desde 1948.
Lula planeja abordar diversas questões em seu discurso, incluindo a proposta de um novo modelo do conselho de segurança global e talvez cite uma proposta para mudança do dólar como moeda padrão para transações globais. Ele defenderá a inclusão do Brasil, Índia, Alemanha e Japão como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
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Outros tópicos que devem ser mencionados pelo presidente incluem a luta contra a fome e a desigualdade, a transição para fontes de energia mais sustentáveis, a promoção da paz e o desenvolvimento sustentável, bem como a questão das mudanças climáticas.
No próximo ano, o Brasil sediará a COP 30, que reunirá líderes de todo o mundo para discutir questões ambientais. Além disso, o país será anfitrião da Cúpula do G20 em 2024. O discurso de Lula poderá ser significativo para demonstrar uma mudança de postura do Brasil em relação à mudança climática.
Como chefe de Estado, espera-se que Lula adote uma abordagem muito mais diplomática e inclusiva do que seu antecessor, Jair Bolsonaro, que durante seu mandato usou a tribuna da ONU para disseminar teorias da conspiração.
Biden, Zelensky e Lavrov
A Guerra da Ucrânia é, desde o início de 2022, um dos principais temas de segurança global. O conflito aberto entre a Rússia e as tropas ucranianas armadas pela OTAN é um ponto central de debate no nível da ONU.
As conversas de alto nível estarão dominadas por uma questão: o conflito parece congelado. Desde o início do ano, Rússia e Ucrânia tiveram poucos avanços no campo de batalha e o nível de acordos decaíram nos últimos meses, inclusive com problemas para o acordo de grãos ucranianos, que está parado há meses.
Os discursos de Biden (chefe de estado dos EUA), Volodymyr Zelensky (presidente da Ucrânia) e Sergey Lavrov (chanceler russo) devem indicar quais serão os próximos movimentos dos principais agentes do conflito no panorama das relações internacionais.
Macron e os países da CEDEAO
Os recentes golpes de estado em Niger, Burkina Faso, Mali e Gabão são uma pedra no sapato da França, que tem perdido apoio político em suas regiões de influência na África Ocidental e Central.
Alguns dos discursos mais aguardados estão nas mãos destes países,que podem dar um recado sobre a disposição política de criar um novo padrão de alinhamento internacional na África.
Agora, a questão é entender como Emmanuel Macron, presidente francês, vai abordar o tema. Um discurso mais rígido pode indicar se as movimentações militares no continente contra os insurgentes anti-imperialistas se tornarão uma realidade ou se a França considera não agir sobre o tema.
Azerbaijão e Armênia
Por fim, Azerbaijão e Armênia terão espaço para debate na próxima semana. Os países batalham pela região do Alto Carabaque desde suas independências no ano de 1991 e o conflito tem escalado drasticamente nas últimas semanas, com movimentações de tropas azeris, armênias e iranianas ao redor do território.
Nikol Pashinyan, primeiro-ministro armênio, e Ilham Aliyev, presidente azeri, devem expor qual é o nível de agressividade entre os países em conversas alto nível, buscando apoio para além de seus aliados naturais na região.
78ª Assembleia Geral da ONU - o que é
A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) é um dos principais órgãos da ONU e é considerada o "parlamento mundial" da organização. Ela é composta por representantes de todos os Estados-membros das Nações Unidas e desempenha um papel fundamental na formulação de políticas e tomada de decisões sobre uma ampla gama de questões de importância global.
O tema do encontro deste ano é "Reconstruindo a confiança e reacendendo a solidariedade global: acelerando a ação na Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) rumo à paz, prosperidade, progresso e sustentabilidade para todas as pessoas".
Assembleia Geral da ONU 2023 - países membros
A Assembleia Geral da ONU de 2023 inclui praticamente todos os países do mundo como membros, com exceção daqueles que possuem pouco ou nenhum reconhecimento internacional. Por isso, o encontro é crucial para a definição de políticas globais, acordos bilaterais e multilaterais.
Além disso, há países observadores que não possuem direito a voto na Assembleia, como o Vaticano e a Palestina. Outros países com limitado reconhecimento internacional que não fazem parte das Nações Unidas incluem Taiwan (República da China), que já foi membro da organização, além de Saara Ocidental, Kosovo, Ossétia do Sul, Abecásia e Chipre do Norte.