SAÚDE PÚBLICA

Jovem morre após JMJ e mulher tem pés amputados; entenda os casos que assustam Lisboa

A capital portuguesa foi sede, há poucos dias, do gigantesco evento católico que reuniu 1,5 milhão de peregrinos. Dois casos graves ligados à cidade preocupam autoridades sanitárias

Luz Marina e Luca, que estiveram em Lisboa.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), maior evento católico do planeta, que este ano foi realizada em Lisboa, capital de Portugal, reuniu uma multidão de 1,5 milhão de peregrinos, em sua maioria jovens, entre os dias 1° e 6 de agosto. Com a presença do Papa Francisco, a cidade tornou-se caótica nos dias em que a grande festividade ocorreu e muitas pessoas passaram por dificuldades para poder dormir, tomar banho e se alimentar. As imagens registradas pelos órgãos de impressa impressionaram e retratavam a confusão que se instalou no local sede.

Após o encerramento da JMJ, o jovem peregrino Luca Re Sartù, de 24 anos, morador da pequena Marnate, no Norte da Itália, morreu assim que voltou para casa, depois de passar uma semana internado no Hospital San Genaro, de Monza. O acontecimento já seria de espantar, se não fosse o fato de pouco menos de um mês antes da JMJ a colombiana Luz Marina Contreras, de 60 anos, natural de Barrancabermeja, ter tido os dois pés amputados numa unidade privada de saúde na mesma cidade.

Mas qual a relação entre os dois casos?

Re Sartù, ainda em Lisboa, nos últimos dias da JMJ, passou a apresentar febre alta e cansaço extremo. Numa consulta num pronto-socorro da capital lusa, os médicos disseram que possivelmente ele estava com os sintomas em decorrência da viagem extenuante que enfrentara debaixo do sol escaldante do verão europeu. Ele pegou seu voo de volta para casa, mas ao desembarcar no aeroporto de Bérgamo apagou. Foi levado para uma unidade de urgências e então teve uma parada cardiorrespiratória. No dia seguinte foi transportado para o San Genaro, em Monza, mas após alguns dias faleceu.

Já no caso de Luz Marina, seus problemas em Lisboa começaram ainda em 29 de junho, 33 dias antes da cerimônia de abertura da JMJ. Ela foi a Portugal para uma peregrinação ao santuário mariano de Fátima, porém apresentou também febre alta e cansaço forte. Precisou ser internada e em pouco tempo tinha um quadro de septicemia, ou seja, infecção generalizada. Após várias semanas de internação, de mudança de unidades de saúde por não ter seguro e cobertura em território português, e de uma intervenção da embaixada da Colômbia, a mulher precisou ter os dois pés amputados por conta de uma necrose, que afetou igualmente as mãos, embora até o momento os médicos não tenham apontado a necessidade de seccioná-las também. Seus exames apontara a presença da bactéria Streptococcus pyogenes, que pode provocar faringite, pneumonia, infecções em feridas e na pele, sepsia e endocardite, por exemplo.

Em relação à morte do jovem Re Sartù, um exame de necropsia está sendo realizado, mas o resultado ainda não ficou pronto. No entanto, os especialistas acreditam que o rapaz foi contaminado por um outro micro-organismo: a bactéria Staphylococcus, responsável por doenças como pneumonia, endocardite, osteomielite, gastrenterite, síndrome da pele escaldada e até síndrome do choque tóxico, provocando muitas vezes a formação de abscessos em várias partes do corpo.

As autoridades sanitárias portuguesas investigam agora se os dois casos ocorridos em Lisboa merecem uma atenção especial, já que o intervalo de tempo entre os eventos graves foi pequeno.