O escritor tcheco Milan Kundera, autor de "A Insustentável Leveza do Ser", romance que protagonizou sua carreira, morreu aos 94 anos. O escritor morreu nesta terça-feira (11) no seu apartamento em Paris, informam a editora Gallimard e a biblioteca Moravian Library.
"Infelizmente, posso confirmar que Milan Kundera faleceu ontem (terça-feira) após uma longa doença", anunciou à AFP Anna Mrazova, porta-voz da Moravian Library, biblioteca na República Tcheca que abriga a produção pessoal de Kundera.
O primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala, comentou que suas obras "alcançaram gerações inteiras de leitores por todos os continentes". O presidente tcheco Petr Pavel o caracterizou como um "escritor de nível internacional" e disse que o renomado autor "simbolizou a história do nosso país no século 20. O legado de Kundera viverá para sempre em suas obras".
Um dos grandes nomes da literatura mundial, ele é autor de "A Brincadeira" (1967), "A Insustentável Leveza do Ser" (1984) e "A Imortalidade" (1988). Kundera recebeu honrarias pelo retrato único de assuntos e personagens que transitavam entre a realidade mundana do cotidiano e o criativo mundo das ideias.
Nascido em 1929, na cidade de Brno, ele emigrou em exílio para a França em 1975, onde viveu até a sua morte. Milan Kundera teve sua cidadania checoslovaca revogada em 1979, sobretudo após criticar a atuação soviética na Primavera de Praga, movimento popular pela conquista de liberdades políticas. Em 1981, se naturalizou francês e, em 2019, teve cidadania tcheca recuperada.
A presença de temas políticos em seus livros é evidente. Porém, em entrevista ao jornal francês Le Monde, em 1976, ele afirmou que chamar suas obras de "políticas" simplificava elas e apagava seus verdadeiros significados. No entanto, escritos como "O livro do riso e do esquecimento" (1979), que mostra o poder de regimes totalitários no revisionismo histórico – apagamento da história e criação de um passado alternativo – exibem essa característica.