A façanha digna de um roteiro de filme, das quatro crianças que sobreviveram a um acidente de avião, na selva amazônica da Colômbia, continua a repercutir. Uma das perguntas mais ouvidas é o que elas comeram para se manter durante os 40 dias que ficaram perdidas?
Conforme informações divulgadas pelo porta-voz Pedro Arnulfo Sánchez Suárez, as crianças comeram três quilos de uma farinha de mandioca grossa, frequentemente utilizada por tribos indígenas na região amazônica.
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“Dias após o acidente, eles comeram a farinha que haviam levado para lá, mas ficaram sem comida e decidiram procurar um lugar onde pudessem permanecer vivos”, declarou Suárez. E emendou: “Eles estavam desnutridos, mas totalmente conscientes e lúcidos quando os encontramos”.
“Suas origens indígenas permitiram que adquirissem certa imunidade contra as doenças da selva e o conhecimento da própria selva. Saber o que comer e o que não comer, além de encontrar água que os mantinha vivos. O que não seria possível se não estivessem acostumados a esse tipo de ambiente hostil”, acrescentou Suárez.
O tio das crianças, Fidencio Valencia, confirmou a informação: “Quando o avião caiu, eles retiraram dos destroços uma ‘fariña’ e, com ela, sobreviveram. Depois que a ‘fariña’ acabou, eles começaram a comer sementes”, relatou Valencia.
Astrid Cáceres, chefe do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar, órgão governamental que coordenou as buscas com os militares, afirmou que as crianças também puderam comer frutas porque “a selva estava em colheita”.
O que aconteceu
No primeiro dia de maio, um voo decolou de Araracuara com destino a San José de Guaviare, localizada a quase 400 quilômetros da capital Bogotá e considerada um dos principais centros urbanos da Amazônia colombiana. Após a decolagem, a aeronave sumiu dos radares. O piloto teria revelado problemas nos motores da nave antes de desaparecer.
As autoridades imediatamente começaram as buscas, mas devido ao território remoto e de mata fechada, que apresenta enormes dificuldades de locomoção, os esforços demoraram dias para obter resultado. Os socorristas demoraram cerca de 9 horas em um barco rio acima e, em seguida, atravessaram uma vasta área lamacenta para chegar ao local da queda do avião.
Após dias sem sinais de vida, os soldados colombianos, junto com indígenas que vivem na região, encontraram pertences e uma fruta mordida. A descoberta deu esperanças de que houvesse sobreviventes.
As quatro crianças – Lesly Jacobombaire Mucutuy, de 13 anos, Soleiny Jacobombaire Mucutuy, de 9 anos, Tien Ranoque Mucutuy, de 4 anos, e o bebê Cristin Ranoque Mucutuy –, enfim, foram resgatadas e estão atualmente se recuperando em um hospital na capital colombiana, Bogotá, onde devem ficar por, pelo meno, duas semanas.