Ela tinha por volta de 60 anos e para os vizinhos parecia uma pessoa fechada e solitária. A mulher andava sempre sozinha e praticamente não falava com ninguém nas redondezas do pacato bairro residencial de Linda-a-Velha, em Oeiras, cidade localizada na Região Metropolitana de Lisboa.
Sem dar as caras nos últimos cinco dias, os moradores do pequeno edifício de quatro andares deram falta da vizinha incomum e calada, ao passo que estranharam um mau cheiro, típico de cadáveres em decomposição, vindo do andar da moradora. Os bombeiros e a polícia foram chamados e então foi feita a entrada no apartamento. Tudo indicava só mais uma história de uma pessoa que vivia sozinha e faleceu em casa, mas não era só isso.
Já de início, pelo fato de a casa estar repleta de lixo, uma vez que a mulher era acumuladora, pelo que se presume, a porta sequer abria e foi necessário o ingresso no imóvel pela janela. Quando os policiais e bombeiros finalmente chegaram do lado de dentro, de fato a moradora estava morta, deitada no sofá, em estado de decomposição. Só que o que mais assustou as autoridades foi aquilo que estava num dos quartos do apartamento.
Deitado na cama, de pijama, o corpo totalmente mumificado de um homem repousava. A identidade dele não foi revelada, mas trata-se do pai da moradora, e as autoridades descobriram ter por volta de 80 anos quando faleceu, há mais de 15 anos.
Os vizinhos, em conversas com investigadores, afirmaram que jamais sentiram o cheiro característico de um corpo putrefato durante os últimos anos saindo do apartamento, embora tenham admitido que estranhamente um odor de cloro, muito forte, exalava do lugar onde a finada senhora vivia.
Legistas afirmaram que, pelo estado do corpo da mulher, de fato ela teria morrida alguns dias antes, diferentemente do caso do pai. Segundo esses profissionais, um cadáver em tal processo de mumificação só seria possível após mais de uma década. Não se sabe se a filha realizou algum procedimento para que os restos do pai ficassem daquela forma ou se tudo ocorreu naturalmente, o que é muito raro, mas pode ocorrer.