Nos porões da Universidade do Sul da Dinamarca, existe uma sala com quase 10 mil cérebros. Os órgãos estão conservados em formol e têm fins de pesquisa científica.
A coleção começou após a Segunda Guerra Mundial, com cérebros de pacientes com transtornos mentais que morreram em instituições psiquiátricas em diferentes partes do país.
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Os cérebros são de pacientes com doenças psiquiátricas do hospital de Aarhaus. Os órgãos foram catalogados e examinados antes serem de armazenados pela faculdade dinamarquesa.
A coleção facilitou o estudo de doenças como demência e depressão, mas também trouxe à tona o estigma da doença mental e a falta de direitos dos pacientes, que não aprovaram sua coleção pela universidade.
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Contudo, o arquivo traz debates éticos para o público: é correto manter os órgãos (e, em especial, os cérebros) de pessoas que não autorizaram sua conservação par afins de pesquisa?
Outra parte do problema é que parte dos pacientes que tiveram seus cérebros armazenados tinham poucos direitos e não tiveram, durante sua internação, tratamento adequado.
O projeto ficou relativamente secreto por anos, mas após a mudança do arquivo da Universidade de Aarhaus para a Universidade do Sul da Dinamarca, se tornou público.
E mesmo em meio a polêmicos, ele é relevante à nível científico. "Todos esses cérebros estão muito bem documentados", disse Martin Wirenfeldt Nielsen, patologista e diretor da coleção de cérebros da Universidade do Sul da Dinamarca em entrevista à BBC.
"Sabemos quem eram os pacientes, onde nasceram e quando morreram. Também temos seus diagnósticos e relatórios de exames neuropatológicos (post mortem)", explicou.
"Temos muitos metadados. Podemos documentar muito do trabalho que os médicos fizeram no paciente naquela época, além de termos o cérebro agora", completou ao veículo britânico.
Os 9.479 cérebros seguem armazenados e seguem gerando polêmica, além de continuar servindo como método de análise para cientistas. A coleção de órgãos parou em 1982, mas segue conservada até os dias de hoje.