Um grupo de hackers de Israel foi exposto nesta quarta-feira (15), pelo jornal britânico The Guardian, a partir de um consórcio internacional de jornalistas. A acusação é de manipular mais de 30 eleições em todo o mundo a partir do oferecimento de serviços privados de ciberataques, sabotagem e difusão de desinformação. O grupo atuava de forma a apagar seus rastros.
Por trás dos hackers estaria o ex-agente das forças especiais israelenses, Tal Hanan, que estaria utilizando o nome “Jorge” - segundo a apuração, o grupo utiliza codinomes e se comunica em código. Os jornalistas acreditam que Hanan e seu 'Team Jorge', como o grupo ficou conhecido, estejam envolvidos em diversas eleições nos últimos 20 anos. Ao próprio The Guardian, ele negou que tenha praticado irregularidades no período.
O grupo teria em sua carta de clientes desde políticos e agências de informação, até grandes empresas. O principal objetivo seria o manipular secretamente a opinião pública, e teriam sido contratados em uma série de continentes como a América do Sul, a América Central, a África e a Europa. O único país afetado que a apuração já confirmou foram os Estados Unidos. Nas próximas semanas devem chegar mais informações nesse sentido.
Entre os serviços oferecidos pelo Team Jorge, destaca-se o Advanced Impact Media Solutions (Aims), um software que controla uma infinidade de perfis falsos no Twitter, LinkDin, Facebook, Telegram, Google, Instagram e YouTube. Alguns dos chamados ‘bots’ inclusive teriam cartões de crédito, contas na Amazon, no Airbnb e carteiras de criptomoedas. A atuação desses ‘bots’ tem como foco sabotar campanhas políticas rivais. Houve um caso em que os próprios ‘bots’ enviaram um brinquedo sexual para a residência de um político a fim de causar-lhe uma crise no casamento.
O consórcio internacional de jornalistas que investiga esses novos métodos e técnicas de manipulação em massa da opinião pública conta com profissionais de 30 diferentes meios comunicação e é coordenado pela Forbidden Stories, uma organização francesa sem fins lucrativos que tem como missão continuar os trabalhos de jornalistas que tenha sido impedidos de realizá-los, seja por assassinatos, prisões ou ameaças. O consórcio obteve mais de 6 horas de gravações de reuniões em que Hanan, o Jorge, e seu time discutiam estratégias para recolher informações de adversários por meio do hackeamento de contas do Gmail e do Telegram. Entre outras coisas, o grupo comemorava quando conseguia pautar a imprensa tradicional.
*Com informações do The Guardian.