Os recentes episódios de objetos misteriosos abatidos em pleno ar nos Estados Unidos, Canadá, China e até na América Latina despertaram a curiosidade e instigaram a imaginação do mundo sobre o que seriam esses Objetos Voadores Não Identificados (OVNIs).
A simples menção desse nome costuma indicar a possibilidade de visitas de extraterrestres ao planeta, embora não haja prova da existência de vidas inteligentes fora da Terra. Além de perguntas como se há um ataque de OVNIs e por que tantos deles foram encontrados nos últimos dias, teorias como espionagem entre as grandes potências mundiais também estão no radar dos curiosos.
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O jornalista e pesquisador Jeferson Martinho, de 49 anos, dos quais 30 dedicados ao estudo e divulgação da Ufologia (estudo dos objetos voadores não identificados), fez uma avaliação sobre os casos recentes. Ele mantém, desde 1996, o Portal Vigília, que trata do tema.
“Tem sido uma loucura esses últimos dias. Mas acho que o hype criado em torno do assunto é desproporcional e tem mais a ver com a forma como o Pentágono vem lidando com o assunto ultimamente do que, propriamente, com supostos extraterrestres. Desde o relatório apresentado ao Congresso, em junho de 2021, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos reconheceu não ter explicação para alguns fenômenos aéreos reportados por civis e militares (centenas, aliás) e passou a tratar, relativamente, de forma mais aberta esses fenômenos”, destaca Jeferson.
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Ele, inclusive, faz uma observação: “Aliás, agora preferem denominar isso de UAP (Unidentified Aerial Phenomena) ou fenômenos aéreos não identificados, uma estratégia para contornar o estigma do termo UFO (ou OVNI), que foi ridicularizado durante muito tempo pelos próprios militares norte-americanos”.
Em relação à origem desses objetos e por que tantos foram encontrados recentemente, Jeferson diz: “Pelo menos dois deles, o primeiro abatido, o balão na Carolina do Sul, e o segundo, detectado sobre a América Latina, foram assumidos pela China, embora seja bem estapafúrdia sua justificativa de ‘experimento que saiu de controle’”.
Por outro lado, o jornalista afirma que o anúncio de um potencial OVNI na China, “na forma de notinha marginal na mídia estatal, levanta muito a suspeita de uma cortina de fumaça. Talvez já soubessem da detecção e potencial captura dos objetos seguintes, no Alasca, Canadá e, no domingo, no Michigan, e dessa forma prepararam terreno para o benefício da dúvida, já que esses episódios devem virar uma tremenda dor de cabeça diplomática, para dizer o mínimo”, analisa.
Pesquisador diz que não há indícios de ataques de OVNIs
Jeferson não acredita na possibilidade de ataques de OVNIs à Terra e vê o assunto com bom humor. “A Ufologia conhece o fenômeno dos objetos voadores não identificados, supostamente de origem não terrestre (uma hipótese formulada a partir de centenas de milhares de relatos, mas não comprovada), desde que o mundo é mundo.”
“Nunca houve indícios de uma atitude assim extrema ao longo dessa história, mesmo que alguns relatos retratem experiências que não terminaram muito bem para as testemunhas. Mas isso é outra história. Na minha opinião, trata-se de uma questão de inteligência e espionagem. Acontece que, politicamente, é provável que seja mais fácil o Pentágono classificar tudo como UAP e aplicar segredo sobre tudo relativo aos episódios. A alternativa seria dar explicações constantes e ainda lidar com as pressões internas de resposta imediata. Isso tem potencial de escalar tensões. A briga agora é de 'cachorro grande'”, ressalta o jornalista.
Jeferson crê que haja vida em outros planetas. Contudo, faz uma observação. “A existência de vida inteligente não remete, automaticamente, à possibilidade de um ataque. Eu acredito piamente em vida inteligente, claro. As últimas descobertas mostram que o Universo deve estar repleto de mundos que podem abrigar vida. A dúvida é se essa vida tornou-se inteligente o suficiente e realmente venceu a barreira da energia necessária para viagens interestelares. Por todas as evidências coletadas pela Ufologia, ao longo dos últimos 50 anos, essa parece uma boa hipótese. No entanto, cientificamente falando, ainda é uma hipótese carente de comprovação”, acrescenta.
Abordagem prejudica seriedade do tema, segundo jornalista
O jornalista e pesquisador afirma que “o frenesi gerado em torno desses episódios mostra que, provavelmente, os militares norte-americanos estão certos em passar a utilizar a sigla UAP. As pessoas ainda têm dificuldade em desassociar o temo OVNI, que em essência significa apenas Objeto Voador Não Identificado, do conceito de ‘nave extraterrestre’ ou o anedótico ‘disco voador’. Essa abordagem afasta cientistas e dificulta um estudo acadêmico e mais sistemático desses fenômenos, pesquisas que poderiam ajudar a elucidar, de fato, se há algum componente não terrestre em uma parcela dos relatos e registros coletados. De toda forma, isso parece que vem ocorrendo de forma gradual desde junho de 2021”, completa Jeferson.