Se quando chega o Natal você já pensa em muita fofura, abraços, troca de presentes e muita magia na “noite feliz”, saiba que isso não ocorre em todos os lugares. A ternura da data que marca o nascimento de Jesus, comemorada sobretudo (e com significado religioso) nos países de fé cristã, nem sempre estará presente em todas as tradições. A comunidade de Chumbivilcas, no Peru, que o diga.
Por lá, nesta região fria e alta dos Andes, a tradição pré-colombiana manda que as comemorações sejam um pouco, digamos, diferentes. Além de se reunirem para celebrar, com comida e bebida, uma prática chamada de “takanakuy”, que é bem anterior à chegada dos espanhóis colonizados, é exercitada por boa parte das pessoas. No que ela consiste? Numa “trocação” de socos na cara.
Isso mesmo. Porrada. E não é pouca, não. Diz a tal tradição que essa “trocação” é uma forma sincera de tirar as diferenças com quem andou tendo problemas durante o ano. Então, no Natal, a galera se junta para se socar numa espécie de arena. As mulheres também participam e há regras muito claras para não haver “excessos”. É bem comum as partes saírem do embate com a cara inchada e bem vermelha das pancadas recebidas.
Os homens e mulheres que se socam chegam ao local da celebração com vestes bem coloridas, cheias de ornamentos, e na maior parte das vezes apenas enrolam ataduras coloridas nos punhos. A porradaria corre solta, com o “árbitro” acompanhando tudo bem de perto. Na língua quéchua, “takanakuy” significa literalmente “bater uns nos outros”, e teria por finalidade “tirar as diferenças” e “reestabelecer a harmonia social”. Diferente, não?
Veja um vídeo com a “trocação” rolando solta: