ARGENTINA

Javier Milei: uma posse minúscula para um político minúsculo

O anão diplomático nepotista argentino assume em modo campanha e avisa a todos: o pacote neoliberal vai ser sangrento

Milei assume e a gente finge que acredita que não é Macri quem vai governarCréditos: Reprodução
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A posse de Javer Milei neste domingo (10) não surpreendeu muitos. A presença ínfima de chefes de estado mostrou que Lula esteve certo em não comparecer ao evento.

O extremista de direita recebeu Zelensky, Órban, o Rei Felipe da Espanha, Boric (coitado!), Lacalle Pou, Santiago Peña e Daniel Noboa.

Nenhum líder do G7, nenhum líder do G20. Somente em nível de comparação: 21 chefes de Estado e de governo estiveram na posse do Lula, que ocorreu em um 1 de janeiro, contra 7 para o argentino.

O alinhamento quase inveterado de Milei com Trump também dificulta que os EUA, seu grande modelo de crescimento econômico, se aproximem enquanto Biden é presidente.

O novo presidente argentino foi eleito em uma plataforma radical, mas, desde que sua vitória foi confirmada, tem tentado adotar um tom mais pragmático e provar que será mais Macri do que Milei.

A dificuldade em realizar essa transição se evidenciou na posse e no seu primeiro dia de governo. O carajo não saiu da boca do presidente, que distribuiu seu slogan de campanha aos ventos como se fosse um adolescente.

Em discurso, afirmou que a vida ia piorar: "A conclusão é que não há alternativa ao ajuste. Não há alternativa ao choque. Naturalmente, haverá um impacto negativo no nível de atividade, de emprego, nos salários reais, no número de pobres e indigentes. Haverá inflação, é verdade", afirmou.

Ele promete que o arrocho será a última crise antes da bonança. Acredita quem quiser.

Políticos de extrema direita têm uma característica: em campanha, são leões e, quando necessitam de algo da oposição ou do centro político, vão se amansando. Governam na lua de mel de forma pragmática e, ao esbarrar na oposição, voltam ao modo campanha rapidamente.

Milei parece não fazer questão de amansar sua lua de mel, porque ele tem duas caras: a do carajo, que é uma persona midiática, e a da política, que não existe. Por isso, quem governará de facto a Argentina será Macri.

A coalizão ultraliberal deve radicalizar somente no discurso, enquanto os liberais tradicionais fazem o trabalho sujo de privatizar e vender tudo que a Argentina pode dar.

É claro que isso vem com algumas questões. Como não sabe fazer política, Milei já alterou um decreto para liberar o nepotismo e contratar sua irmã como Secretária-Geral da Presidência da República.

É um anão diplomático e político. Uma marionete do macrismo que grita alto e fala palavrão, que acelera para o abismo ao som de 'Viva la libertad, carajo!'.