TRÁGICO FIM

A lenta agonia de quem sofre de câncer em Gaza

Vítimas de doenças crônicas ficam sem tratamento

Sob fogo.O hospital pediátrico Rantisi está na lista das 227 instalações de saúde que sofreram danos de bombardeios de Israel desde 7 de outubroCréditos: Reprodução
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O monitor de direitos humanos Euro-Med, baseado em Genebra, já documentou a agonia e morte de 12 pacientes de câncer que ficaram sem tratamento em Gaza desde que o Hospital da Amizade Turco Palestina foi forçado a encerrar suas atividades.

O Euro-Med acompanha conflitos armados no norte da África e no Oriente Médio com ênfase nos serviços médicos oferecidos às vítimas.

O grupo registra a agonia de Mohamed Ziyad, de 48 anos de idade, que sofre de câncer no pulmão e está trancado em casa, na cidade de Gaza, sem tratamento. Também mencionou a paciente Ibtisam Odeh, de 57 anos, cuja situação de saúde deteriorou por falta de atendimento médico.

Em nota:

A organização de direitos humanos alertou que milhares de pacientes – mais de 2.000 com câncer, mais de 1.000 que necessitam de diálise para sobreviver, 50.000 com graves problemas cardiovasculares e 60.000 diabéticos – precisam urgentemente de acesso a serviços básicos de saúde, considerando a grave escassez de medicamentos, suprimentos, combustível, comida e água potável

As informações vão ao encontro do que disse nesta quinta-feira, 9, o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza.

Segundo ele, 18 dos 35 hospitais de Gaza deixaram de funcionar completamente.

Os demais enfrentam dificuldades com falta de anestésicos, outros insumos e óleo diesel para tocar os geradores que mantém em funcionamento respiradores e incubadoras.

O porta-voz sustentou que os serviços de saúde especializados no tratamento de crianças entraram em colapso.

O Hospital Infantil Al Nasr ficou danificado depois de receber cargas de artilharia de Israel (ver vídeos abaixo). O hospital fica em Khan Yunis, no Sul de Gaza, região para a qual Israel dirigiu refugiados.

Um relatório da Organização Mundial de Saúde informa que 509 palestinos morreram em ataques aéreos de Israel a hospitais, incluindo pacientes e profissionais de saúde. Foram 229 ataques desde 7 de outubro na Cisjordânia e em Gaza (102 neste território).

A OMS informou que o risco de epidemias cresceu exponencialmente em Gaza por causa do deslocamento de centenas de milhares de refugiados, que passaram a viver em condições precárias em ambientes lotados.

De acordo com a Agência Palestina de Informações:

Desde meados de outubro de 2023, foram notificados mais de 33.551 casos de diarreia. Mais da metade deles ocorre entre crianças menores de cinco anos -- um aumento significativo em comparação com média de 2.000 casos mensais em crianças menores de cinco anos ao longo de 2021 e 2022. Além disso, 8.944 casos de sarna e piolhos, 1.005 casos de varicela, 12.635 casos de erupções cutâneas e 54.866 casos de infecções respiratórias superiores foram relatados

Pelo último levantamento divulgado, 10.812 pessoas morreram em Gaza, sendo 4.412 crianças.

Todos os números são do Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.