14.532: este são os mais recentes números de palestinos assassinados em Gaza por Israel. Entre eles, segundo Ismael al-Thawabta, diretor-geral do escritório de mídia do governo em Gaza, 6 mil crianças e 4 mil mulheres, além de 35 mil palestinos feridos. Na lista há 205 médicos, 22 integrantes de equipes de defesa civil e 64 jornalistas.
Isso mesmo, 64 jornalistas palestinos assassinados. Mais de um por dia. E destaco os jornalistas, quando médicos — aqueles que salvam vidas — morreram em número mais de três vezes maior, porque a pouca divulgação do incrível número de jornalistas mortos denuncia a parcialidade da mídia ocidental, corporativa e pró EUA — logo, Israel — e mercado.
Imagine se fosse o Hamas que tivesse assassinado esse número de jornalistas o escândalo que não estaria repercutido na mídia em reportagens diárias denunciando os "terroristas do Hamas que assassinaram 64 jornalistas, numa falta de respeito à liberdade de imprensa e expressão".
Mas, como os jornalistas mortos são palestinos e foram assassinados por Israel, os 64 são apenas mais um dado da guerra, "uma resposta de Israel ao ataque 'terrorista' do Hamas, um direito de defesa e seus 'danos colaterais'".
Assim como falam em "xis israelenses mortos pelos terroristas do Hamas" e "xis palestinos mortos", sem dizer que eles não morreram simplesmente por estarem vivos, mas foram assassinados por Israel. Não há o agente causador das mortes.
Assim como é "terrorismo" um grupo de palestinos pegar em armas para lutar contra a invasão e ocupação de seu território por Israel, e é "direito de defesa de Israel" matar palestinos por estarem se insurgindo contra a ocupação israelense.
É chavão dizer que na guerra a primeira vítima é a verdade. Os assassinos são aqueles que a manipulam, trabalhando para um dos lados, mas fingindo que estão lhe passando "informação profissional, qualificada e imparcial".
Essa imprensa é a mesma que diz que denunciar assédio moral dentro das Redações é ataque à liberdade de imprensa, porque a liberdade de imprensa delas é a liberdade dos patrões.
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