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Quem deu o 'motivo' para a perseguição dos EUA a Assange foram jornalistas do Guardian

Irresponsabilidade de dois jornalistas do Guardian deram munição para a guerra dos EUA contra Assange

Créditos: Capa do livro. Divulgação
Escrito en GLOBAL el

Estou publicando uma série de postagens sobre o caso Assange, boa parte delas com material que já publiquei no meu Blog do Mello, que resiste há 18 anos. 

Esta é mais uma sobre um caso onde ocorreu um apagamento pelo corporativismo dos jornalistas. Quem deu o "motivo" alegado para a perseguição que os Estados Unidos movem contra Assange foram dois jornalistas do britânico Guardian. Explico.

Ao receber os arquivos secretos, Assange viu que pelo tamanho do material não teria como dar conta dele sozinho (mais ou menos como aconteceu aqui com os arquivos da Vaza Jato). Chamou jornalistas de alguns dos principais jornais do mundo para ajudá-lo com o material.

Foi um sucesso, as reportagens bombaram (com duplo sentido) pelo mundo, inclusive no Brasil.

Mas, como não poderia deixar de ser, os documentos estavam guardados com uma chave secreta, de que apenas Assange e esses jornalistas parceiros tinham conhecimento. Todos são unânimes em afirmar da intensa preocupação de Assange com a divulgação de nomes, que pudessem colocar a vida de pessoas inocentes em risco.

No entanto, dois jornalistas do britânico Guardian —David Leigh e Luke Harding— revelaram a senha em um livro que publicaram sobre o Wikileaks (Wikileaks: Inside Julian Assange's War on Secrecy). [imagem abaixo].

Reparem na preocupação de Assange, ao acrescentar uma palavra que deveria ser apenas gravada na memória (Diplomatic) e não escrita, para garantir um sigilo maior. E até esta palavra eles divulgaram no livro. A partir daquele momento, qualquer um poderia ter acesso a todo o material.

Temerosos com a divulgação da senha, Assange e o WikiLeaks resolveram abrir os arquivos para todo mundo acabando com a chave de acesso. Com isso, pretendiam evitar que um governo interessado em brecar a divulgação das mensagens (seriam os Estados Unidos, amigos leitores?...) pudesse usar a senha, mudá-la e trancar o acesso ao material.

Por isso, Assange está há onze anos afastado da sociedade (sete anos como exilado na embaixada do Equador, sem poder sair, e mais quatro na prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres). Os Estados Unidos o acusam de expor nomes de pessoas ao divulgar o material.

E os jornalistas do Guardian que divulgaram a chave de segurança e acabaram forçando a liberação geral dos documentos? Eles faturaram com matérias e o livro, mas nem testemunhar em favor de Assange foram.

A prisão, extradição e condenação de Assange é um crime que vem ocorrendo por todos esses anos para servir de exemplo aos jornalistas do mundo, que devem aprender que não se deve divulgar crimes de guerra dos Estados Unidos e aliados. Ou sofrerão como Assange. 

Um crime que tem jornalistas e jornalões como cúmplices.

*Antonio Mello, escritor, blogueiro do Blog do Mello. Saiba mais aqui: linktr.ee/blogdomello

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