SEM CESSAR-FOGO

Netanyahu usa a Bíblia para justificar guerra contra Hamas

Quase dez mil mortos nos dois lados do conflito

Contraste.Enquanto o primeiro-ministro discursava, o Ministério da Saúde de Gaza falava em 3.457 crianças mortas no território palestino por causa dos bombardeios de IsraelCréditos: Reprodução de vídeo
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que pedidos de cessar-fogo feitos pela comunidade internacional equivalem à rendição de Israel ao Hamas.

"A Bíblia diz que existe um tempo para a paz e um tempo para a guerra. Agora é a hora da guerra. A guerra por um futuro comum. Hoje desenhamos uma linha entre as forças da civilização e as forças da barbárie", ele afirmou em discurso.

Esta é a quinta vez desde os ataques do Hamas em 7 de outubro que Netanyahu faz citações religiosas em público.

O rabino Elhanan Miller, ativista pela paz, disse à agência turca Anadolu que isso é comum em tempos de guerra.

É a imagem que ele quer apresentar ao povo, como um crente e um líder comprometido, mas na minha opinião faz parte de um espetáculo. Netanyahu está obcecado e, neste momento, está mais preocupado com relações públicas do que qualquer outra coisa. 

A obsessão tem a ver com as críticas que o primeiro-ministro mais longevo de Israel vem recebendo desde que sua estratégia política de expansão dos assentamentos em território palestino ocupado -- com garantia de que os civis israelenses estariam seguros -- desabou.

Netanyahu voltou a colocar Israel no papel de guardião da Civilização Ocidental contra os bárbaros, fazendo referência ao Hezbollah e ao Irã.

Países árabes e muçulmanos pressionam conjuntamente por um cessar-fogo, além de multidões que tem saído às ruas em todo o mundo.

O FUTURO DE GAZA

Analistas da mídia israelense dizem que são incertos os planos de Israel para o futuro de Gaza, depois da pretendida "destruição" do Hamas.

A entrega do território diretamente à Autoridade Palestina, governada por Mahmoud Abbas, representaria um desgaste para o já alquebrado líder palestino.

Abbas, que governa a Cisjordânia, está no topo de um aparato de repressão que frequentemente age em conjunto com Israel contra os próprios palestinos.

Uma das ideias correntes em Israel é convocar forças de paz árabes, sob coordenação do Egito, para assumir o controle de Gaza.

Os soldados viriam do Marrocos e dos Emirados Árabes Unidos, dois países que reataram relações com Tel Aviv sob os auspícios dos Estados Unidos.

Estas forças garantiriam um governo transitório, até que Gaza voltasse ao controle de Abbas.

Esses planos implicariam no funeral político de Netanyahu, uma vez que a coalizão de extrema-direita que o sustenta tem projetos expansionistas.

Políticos que apoiam ou integram o governo Netanyahu falam em transferir os palestinos para a península do Sinai, no Egito, e são absolutamente contrários a uma solução de dois estados.