O Ministério das Relações Exteriores e Expatriados da Autoridade Palestina publicou em sua conta no X o vídeo de uma criança milagrosamente resgatada com vida sob escombros em Gaza.
O menino, não identificado, sobreviveu protegido em um bolsão de ar entre duas paredes de concreto que desabaram.
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Guiado por um socorrista, ele se arrasta entre as paredes e chega a sorrir ao olhar para a câmera.
He was rescued from under the rubble due to the occupation's bombing of homes over the heads of their residents in Gaza. It was stated that 1,000 civilians are still under the rubble, and rescue teams have not been able to reach them
— State of Palestine - MFA ???????? (@pmofa) October 24, 2023
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A imagem foi um alento na terça-feira, 24 de outubro, que ficará marcada como um dia de desespero na faixa de Gaza, com cerca de 700 pessoas mortas nas últimas 24 horas e um desfile macabro de bebês e crianças, mortas e feridas, chegando a hospitais superlotados.
O presidente colombiano Gustavo Petro, um dos poucos líderes mundiais que desde o início denunciaram com veemência o bombardeio como punição coletiva -- que viola o direito internacional -- publicou um breve desabafo:
O povo de Deus não é o estado que bombardeia crianças. O povo de Deus são as crianças. Deus não manda matar crianças
A mensagem foi acompanhada de imagens apavorantes disseminadas por um perfil que fez um balanço dos números depois de duas semanas de bombardeio ininterrupto a Gaza: 5.791 mortos, sendo 2.360 crianças.
Mil pessoas estão desaparecidas sob os escombros.
A cidade de Beit Hanoun, mais ao norte de Gaza, teve bairros inteiros varridos do mapa.
Fica a apenas 6 quilômetros de Sderot, em Israel, um dos alvos do Hamas no 7 de outubro.
É a rota pela qual passará eventual incursão terrestre do exército de Israel.
Os organismos das Nações Unidas que atuam no território palestino emitiram uma nota dizendo que a situação é "catastrófica".
A ONU estima em 1,4 milhão o número de moradores de Gaza que estão refugiados, ou seja, mais de 60% da população está fora de casa.
No domingo, o fotógrafo Roshdi Sarraj tornou-se o vigésimo terceiro jornalista a ser morto desde o início do conflito.
Ele foi atingido por estilhaços de um bomba enquanto protegia a esposa e a filha Danya, de 11 meses.
Roshdi era dono de uma produtora de vídeo que fundou com um sócio -- Yasser Mortaja, morto num ataque de Israel em 2018.
Usando um drone, ele tinha produzido algumas das imagens mais impactantes dos bombardeios a Gaza.
Há alguns dias, tinha avisado: "Não vamos a lugar algum. Se um dia deixarmos Gaza, será para o paraíso... somente o paraíso".
Sua última mensagem nas redes sociais, 24 horas antes de morrer:
Infelizmente não posso postar diariamente, por causa dos cortes de eletricidade e internet. Apoiem Gaza!
Baseada em Londres, a jornalista Yara Eid fez um depoimento emocionado sobre o colega, dizendo que quase todos os funcionários da produtora de Roshdi estão mortos ou desaparecidos.
Algumas horas depois, por telefone, Yara ficou sabendo que 14 parentes tinham sido mortos em Gaza, no ataque de Israel ao prédio residencial onde sua família tinha se refugiado.
Nas redes sociais, Yara denuncia que os ataques de Israel estão destruindo alvos civis, como a livraria Samir Mansour, a maior de Gaza, que já havia sido demolida num ataque em 2021. O prédio foi reconstruído e aberto com festa em 2022.
O shopping center Abu Dalal, na cidade de Gaza, também foi atingido.
Uma câmera de segurança registrou o pânico dos compradores.
Nas últimas horas, Israel atingiu mais de 400 alvos com bombardeio aéreo.
Várias residências foram atingidas em Khan Yunis.
Numa delas estava Raneem Hijazi que, preocupada com a gravidez, tinha atendido ao alerta de Israel e migrado para o sul.
De acordo com a Agência Palestina de Notícias, ela morreu sob bombardeio na casa em que estava hospedada.
Os médicos do hospital Nasser conseguiram salvar o bebê numa cesariana.