Por razões políticas domésticas, em ano pré-eleitoral, o presidente dos Estados Unidos foi pessoalmente a Tel Aviv dar apoio total a Israel e assumiu para si o papel de facilitador da ajuda humanitária aos 2,3 milhões de palestinos que estão isolados, sob bombardeio, em Gaza.
Com isso, Biden assegura apoio chave da comunidade judaica para se reeleger em 2024 e ao mesmo tempo aparece como misericordioso em relação ao sofrimento de civis palestinos.
A entrada de ajuda humanitária está condicionada à saida de milhares de palestinos de dupla cidadania. Cerca de 500 são estadunidenses.
"Grupo de cerca de 30 brasileiros e familiares diretos que aguardam retirada da Faixa de Gaza segue abrigado nas localidades de Khan Younis e Rafah, nas proximidades da fronteira com o Egito", informa o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Os governos do Egito e da Jordânia já disseram que não vão aceitar a entrada em massa de palestinos em seus territórios.
Isso frustra militantes de partidos religiosos que sustentam no poder o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Ele sonham com expansão territorial de Israel além das fronteiras de hoje, o que exigiria a retirada em massa de palestinos.
No mundo árabe, os ataques de Israel a Gaza estão sendo vistos como prelúdio da segunda Nakba [Catástrofe], o avanço de Israel sobre território alheio que acompanhou o conflito de 1948.
O governo Lula fez uma remessa de 40 purificadores de água, que podem tratar 220 mil litros por dia. Também enviou anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, seringas e luvas.
O destino é o aeroporto internacional Arish, na península do Sinai, que fica a 45 quilômetros da fronteira do Egito com Gaza.
Lá atuam várias agências das Nações Unidas.
A UNICEF trabalha com a Crescente Vermelha para atender inicialmente a 150 mil palestinos com água, banheiros químicos e os chamados "kit dignidade":
O kit inclui um balde com tampa para armazenar água limpa e um galão. Também vem com sabão e detergente para ajudar as famílias a manter boas práticas de higiene durante uma emergência, quando o saneamento básico é um desafio e as crianças estão expostas a doenças potencialmente fatais, como cólera e diarreia.
O kit também inclui itens de higiene menstrual.
O Programa Alimentar Mundial da ONU já desembarcou 22 toneladas de comida no aeroporto, dentre as quais 15 toneladas de biscoitos fortificados.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários faz planos para transferir a Gaza combustível, água mineral, kits de higiene e tanques para estocar água.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente trabalha para levar a Gaza o combustível necessário para manter atividades essenciais.
"O combustível é absolutamente crítico para a usina de dessalinização e para as estações de bombeamento de água", segundo a entidade.
Ele também abastece os geradores que mantém vivos pacientes que dependem de respiradores e bebês que precisam de incubadoras para sobreviver em hospitais.
Vários paises, como o Brasil, despacharam suas próprias cargas de ajuda humanitária em coordenação com a ONU, dentre eles a Turquia, os Emirados Árabes Unidos e a Jordânia.
O Egito tem dezenas de caminhões à espera de autorização para entrar em Gaza.
A Organização Mundial da Saúde já tem em solo a primeira remessa de medicamentos:
Estes incluem medicamentos para traumas e suprimentos de saúde suficientes para tratar 1.200 pacientes feridos e 1.500 pacientes que sofrem de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes e problemas respiratórios, bem como “bolsas” de trauma prontas para tratar 235 pessoas feridas.
As Nações Unidas calculam que 1 milhão de pessoas se tornaram refugiadas no pequeno território de 365 quilômetros quadrados.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que "cada hora que as remessas permanecem do lado egípcio da fronteira, mais meninos e meninas, homens e mulheres, especialmente os vulneráveis e incapacitados, vão morrer".
Israel condicionou a entrada da ajuda humanitária a que não seja entregue a militantes do Hamas. A negociação para cumprir a exigência está sendo feita com a Crescente Vermelha.
O presidente Joe Biden estimou que o fluxo de ajuda humanitária deveria começar na sexta-feira, mas funcionários da ONU estão em dúvida sobre a data, uma vez que a entrada dos caminhões depende de coordenação com Israel.
Tel Aviv continua bombardeando a região para a qual determinou o deslocamento de centenas de milhares de pessoas.