Após quase 5 meses de muita tensão política, incluindo o assassinato de um candidato à presidência, os equatorianos finalmente votaram neste domingo (15) para decidir quem será seu próximo presidente. Ainda não há um resultado parcial, mas uma pesquisa que acaba de sr divulgada aponta uma vitória de Daniel Noboa, o candidato de direita, sobre a progressista Luisa González. Diferente do Brasil que utiliza um sistema de urnas eletrônicas, o voto no Equador é impresso e os resultados finais serão confirmados nas próximas horas.
A pesquisa Exit Poll, avalizada pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) e transmitida ao vivo pela Teleamazonas, mostra Noboa com 53,8% dos votos válidos, contra 46,1% da adversária. A consulta é uma espécie de "pesquisa boca de urna" e foi divulgada logo após o encerramento da votação. Ao todo, o país tem cerca de 13 milhões de eleitores.
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A eleição equatoriana apresenta um cenário político muito comum na América Latina. De um lado, a advogada Luisa González, de 45 anos e membro da Assembleia Nacional do Equador, representa o campo progressista. Ela é do Partido da Revolução Cidadã, do ex-presidente Rafael Correa, e é considerada como uma representante da “esquerda moderada” pelos analistas da mídia corporativa.
De outro lado está Daniel Noboa. O empresário de 35 anos e filho de um bilionário equatoriano é o candidato da Ação Nacional Democrática, partido de centro-direita com forte ideário liberal. O magnata também possui empresas em paraísos fiscais, o que é proibido no país.
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Se vencer, Noboa será o líder mais jovem a assumir o Equador, enquanto González será a primeira mulher. No primeiro turno, realizado em 20 de agosto, a candidata progressista liberou o pleito com 33,6 % dos votos, enquanto Noboa marcou 23,5%. Christian Zurita (16,4%) da centro-direita, Jan Topic (16,4%) da extrema-direita, Otto Sonnenholzner(14,4%) da centro-direita e Yaku Perez (4%) da esquerda radical ficaram pelo caminho.
Momento incomum
Geralmente os mandatos presidenciais no Equador duram quatro anos, assim como no Brasil. No entanto, as eleições deste ano ocorrem em um momento incomum. González e Noboa disputam um mandato mais curto, que durará apenas um ano e meio.
Isso ocorre porque o pleito foi convocado por antecipação pelo atual presidente, o direitista Guillermo Lasso, para evitar um processo de impeachment. O banqueiro tem uma das piores avaliações da história e precisou decretar, no último mês de maio, a chamada “morte cruzada” – um dispositivo previsto na Constituição equatoriana que justamente permite antecipar o fim de um governo desastroso.
Durante seu mandato o Equador viveu uma terrível crise econômica, com forte desabastecimento de itens básicos como alimentos e combustível. A situação desdobrou a uma enorme revolta popular em 2022, em que povos indígenas marcharam sobre a capital Quito e foram brutalmente reprimidos.
Além disso, o país que até o último período era considerado seguro em suas principais cidades, passou a conviver com intensa violência urbana derivada da escalada da atuação de carteis de narcotraficantes. Um desses grupos, o Los Lobos, assumiu o atentado contra Fernando Villavicencio, o candidato assassinado em plena campanha eleitoral.
Violência política
O político Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, foi assassinado com três tiros na cabeça no final da tarde de 9 de agosto. Ele saía de uma reunião política com seus correligionários na capital Quito e entrava em um carro quando foi atingido pelos disparos.
Villavicencio, que era filiado ao Movimento Construye, chegou a ser resgatado para receber atendimento médico, mas sem sinais vitais ao dar entrada na unidade de saúde. Correligionários do político relataram que ao menos 7 pessoas ficaram feridas no ataque. Ele tinha 59 anos e, na última pesquisa de intenções de voto divulgada antes do atentado, apareceu na 5ª posição para o pleito presidencial.
O ataque contra Villavicencio e a morte do candidato foram confirmados por sua assessoria de imprensa e também pelo atual presidente do Equador, Guilherme Lasso que, no dia seguinte decretou estado de exceção por 60 dias.
"As Forças Armadas a partir deste momento se mobilizam em todo o território nacional para garantir a segurança dos cidadãos, a tranquilidade do país e as eleições livres e democráticas de 20 de agosto", disse o presidente equatoriano em vídeo à nação.
No dia seguinte (10) foi a vez de Estefany Puente, candidata à Assembleia Nacional, ser vítima de uma tentativa de assassinato, também por arma de fogo. O ataque ocorreu enquanto Estefany Puente estava presente no El Club de Leones, uma organização de serviços sociais localizada na cidade de Quevedo, na província de Los Ríos. A candidata, que é membro da Alianza Claro Que Se Puede, estava em seu veículo acompanhada pelo pai e um funcionário quando foi surpreendida por dois homens desconhecidos.
Dias depois, em 14 de agosto, foi a vez de Pedro Briones, político progressista ligado a Rafael Correa, ser morto. A informação foi dada em primeira mão por Paola Cabezes, candidata a deputada e ex-governadora do departamento de Esmeraldas, onde Briones também vivia e exercia sua atividade política.