FÓSFORO BRANCO

Entidades acusam Israel de usar bomba incendiária que queima até os ossos

Quando a Rússia foi acusada pela Ucrânia, gerou manchetes em todo o mundo

Evidências. O bombardeio sobre o porto de Gaza e a foto que identifica munição com fósforo branco ao lado de um tanque de Israel.Créditos: Reprodução Washington Post e Anistia Internacional
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“Sempre que o fósforo branco é utilizado em áreas civis superlotadas, representa um elevado risco de queimaduras excruciantes e sofrimento para toda a vida. O fósforo branco se espalha de maneira indiscriminada quando explode em áreas urbanas e pode incendiar casas e causar danos flagrantes a civis.”

A declaração é de Lama Fakih, diretor do Humans Right Watch para o Oriente Médio e o Norte da África.

Analisando vídeos, fotos e ouvindo testemunhas, a entidade constatou que Israel usou a arma em pelo menos duas instâncias no mais recente conflito: no bombardeio ao porto de Gaza e em zona rural na fronteira entre Israel e o Líbano.

As imagens do ataque ao porto de Gaza foram reproduzidas pelo diário estadunidense Washington Post.

Um porta-voz de Israel negou as acusações.

A Humans Right Watch preparou um questionário sobre o fósforo branco. Uma das respostas:

O fósforo branco é uma substância química, dispersa em projéteis de artilharia, bombas e foguetes, que se inflama quando exposta ao oxigênio. A reação química cria um calor intenso de 815 graus Celsius. Produz uma fumaça leve e espessa usada para fins militares, mas também causa ferimentos horríveis quando o fósforo entra em contato com as pessoas. Não é considerada uma arma química porque opera principalmente por calor e chamas, e não por toxicidade. O fósforo branco pode ser dispersado por meio de pedaços de feltro embebidos em fósforo e emite um cheiro distinto de alho.

As bombas de fósforo são usadas como cobertura de fumaça para ações de infantaria. A substância interfere com ótica infravermelha e sistemas de monitoramento, o que protege o avanço de tropas contra mísseis anti-tanque.

O risco para civis é grave:

O fósforo branco causa queimaduras graves, muitas vezes até os ossos, que demoram a cicatrizar e podem desenvolver infecções. Se nem todos os fragmentos de fósforo branco forem removidos, eles podem agravar as feridas após o tratamento e reacender quando expostos ao oxigênio. As queimaduras de fósforo branco em apenas 10% do corpo humano são frequentemente fatais. Também pode causar danos respiratórios e falência de órgãos.

Os Estados Unidos usaram fósforo branco no ataque a Fallujah, uma cidade em que houve forte resistência à ocupação do Iraque.

Nos ataques a Gaza em 2008 e 2009, Israel usou 200 munições com fósforo branco, sempre segundo a Humans Right Watch.

Quando a Rússia foi acusada pela Ucrânia de usar fósforo branco no ataque a Bakhmut, em 2023, gerou manchetes em todo o planeta, com explicações detalhadas sobre o potencial de sofrimento a civis causado pela arma.

Como fez Israel, a Rússia também negou.

A Palestina acusou formalmente Israel de utilizar o fósforo branco nos últimos dias em Gaza.

O Citizen Evidence Lab, da Anistia Internacional, confirmou que unidades de infantaria de Israel estão armadas com bombas incendiárias.

"Vídeos e fotos indicam que Israel tem usado munição com fósforo branco", publicou o grupo.

No dia 9 de outubro, as Forças de Defesa de Israel posicionaram obuses M109 de 155 mm perto da cidade de Sderot, que havia sido anteriormente atacada pelo Hamas e fica a cerca de um quilômetro da fronteira Israel/Gaza. Várias fotos mostram projéteis de artilharia M825 e M825A1, que também são rotulados como D528, o Código de Identificação do Departamento de Defesa dos EUA para cartuchos à base de fósforo branco.

Tanque de Israel armado com bombas de fósforo branco. Reprodução site da Anistia Internacional