AMIZADE

Lula visita Alberto Fernández: “Vamos fortalecer a integração entre Brasil e Argentina”

“Peço desculpas por todas as grosserias que o presidente anterior do Brasil, que eu chamo de genocida, fez a Alberto Fernández e à Argentina”, disse Lula

Lula e Fernández: relação de paz.Créditos: Ricardo Stuckert
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O presidente Lula (PT) discursou ao lado do presidente da Argentina, Alberto Fernández, nesta segunda-feira (23), durante visita ao país, e assumiu o compromisso de fortalecer a integração entre as duas nações e retomar uma relação “de paz” e “produtiva”.

“Estou aqui para dizer ao presidente da Argentina, para os ministros argentinos e à imprensa argentina e brasileira, que vamos fortalecer a integração entre os dois países e que hoje representa a retomada de uma relação que nunca deveria ter sido truncada. A minha presença, como primeira viagem feita depois da minha eleição a um país estrangeiro, é para dizer que nós vamos reconstruir aquela relação de paz, produtiva, avançada de dois países que nasceram para crescer, se desenvolver e gerar melhores condições de vida para seu povo”, declarou.

“Os nossos empresários já compreendem e precisam compreender cada vez mais o peso e o que a Argentina significa para nós. E os empresários argentinos precisam compreender o que significa o Brasil para uma boa relação Brasil-Argentina”, continuou Lula.

O presidente brasileiro fez questão de ressaltar o momento de “celebração entre Brasil e Argentina. Não esqueço do gesto que o companheiro Alberto Fernández fez ao me visitar quando eu estava na Polícia Federal. Não esqueço a solidariedade do povo argentino. Pelo carinho naquele momento difícil e agora, nesta nova relação entre nossos países”, relembrou.

Lula arrancou risos dos presentes ao mencionar a Copa do Mundo. “A Argentina terminou 2022 de forma privilegiada, na economia, na política e no futebol. Pela primeira vez, torci para a Argentina na final. Achava que o Messi não poderia terminar a carreira sem ser campeão do mundo. Foi, está bom, chega. É a vez do Brasil”, brincou.

O brasileiro não desperdiçou a oportunidade para criticar Jair Bolsonaro (PL). “Peço desculpas por todas as grosserias que o presidente anterior do Brasil, que eu chamo de genocida, fez a Alberto Fernández e à Argentina”, disse Lula.

“Um país que tem a grandeza do Brasil, que tem a extensão territorial que tem o Brasil, que tem 16 mil km de fronteira com a nossa querida América do Sul, um país que é maior economicamente, industrialmente, não tem o direito de ficar procurando inimigos. Precisamos construir amigos, parceiros, e por isso quero afirmar: Alberto Fernández, meu amigo e presidente da Argentina, o Brasil está outra vez de braços abertos para acolher os companheiros argentinos no negócio, na cultura, no futebol e na manutenção na relação de amizade que nós temos há tantos anos”, reforçou.

Lula ressaltou esperar que, ao final de seu mandato, em 2026, a Argentina seja a maior parceira do Brasil na América do Sul e América Latina. “Quando terminar meu mandato, a relação com a Argentina será a melhor relação entre todos os países da América do Sul e da América Latina. Não que eu tenha preferência só pela Argentina, é porque a Argentina é um país grande, já foi a quinta economia do mundo, tem conhecimento científico e tecnológico, é um país que tem uma quantidade de universidades de primeira linha extraordinária. Aliás, quero agradecer às universidades argentinas, porque só nesse país acho que recebi 11 títulos de doutor honoris causa, oito de uma única vez. É por essa grandeza da Argentina, por essa importância política e econômica, que eu posso afirmar: hoje é o começo de uma nova história. Estejam certos que a Argentina será tratada com o carinho e o respeito que ela sempre mereceu, que nem o futebol será motivo de nos dividir, porque os interesses econômicos dos nossos torcedores são maiores que os dirigentes dos nossos países”.

O presidente brasileiro abordou a necessidade de estreitar relações com o país vizinho nas áreas comerciais, científicas, tecnológicas e culturais. “As nossas universidades precisam estar mais próximas, porque uma boa relação não é apenas comercial, é também a relação científica e tecnológica, é também a relação cultural e, sobretudo, a relação política. Portanto, quero dizer para vocês, com muito orgulho, que estou de volta para fazer bons acordos com a Argentina, para compartilhar a construção daquilo que falta ser construído, para ajudar com que a Argentina e o Brasil possam crescer economicamente, que o nosso povo possa voltar a ter condições de ter moradia, para garantir que o nosso povo possa comer pelo menos três vezes ao dia, para garantir que o nosso povo possa voltar a estudar, trabalhar e ter acesso à cultura”.

Argentina e Brasil não permitirão que “nenhum fascista se aposse da soberania popular”, diz Fernández

Alberto Fernández, por sua vez, foi enfático ao afirmar que Argentina e Brasil não permitirão que “nenhum fascista se aposse da soberania popular”.

“Quero que você saiba, querido amigo, que a Argentina vai estar sempre ao seu lado e não vamos permitir que nenhum delirante ataque à democracia e as instituições brasileiras. Nós não vamos permitir que nenhum fascista se aposse da soberania popular”, declarou Fernández.

“Nos conhecemos há muitos anos e sabemos muito bem que os nossos povos não querem o ódio, querem liberdade e querem diálogo”, acrescentou.

Ele lembrou que “pelo Brasil passou o [Jair] Bolsonaro e pela Argentina passou o [Mauricio] Macri”. Conforme Fernández, ambos os países têm desafios semelhantes: “O primeiro deles é consolidar a democracia e as instituições”.

Assista à íntegra dos discursos: