COMÉRCIO EXTERIOR

Lula se posiciona sobre criação de “moeda única” para negócios entre Brasil e Argentina

O presidente brasileiro está em Buenos Aires para oficializar acordos bilaterais com o colega Alberto Fernández

A "moeda única" foi tema de conversa entre Lula e Fernández.Créditos: Ricardo Stuckert
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Um dos assuntos questionados por jornalistas durante coletiva entre os presidentes Lula (PT) e Alberto Fernández, de Brasil e Argentina, respectivamente, nesta segunda-feira (23), em Buenos Aires, foi a possível criação de uma “moeda única” para negócios entre Brasil e Argentina.

Lula declarou que, sua opinião pessoal, é favorável ao projeto, para que não haja dependência do dólar. Porém, ele ponderou que o tema está muito distante de se concretizar e precisa ser amplamente debatido.

“O que estamos tentando trabalhar agora é que os nossos ministros da Fazenda, cada um com sua equipe econômica, possam nos fazer uma proposta de comércio exterior e de transações entre os dois países que seja feita em uma moeda comum, a ser construída com muito debate e com muitas reuniões. Isso é o que vai acontecer”, afirmou Lula.

O presidente brasileiro relembrou que Brasil e Argentina já chegaram a promover uma “experiência” similar em 2008, quando os dois países puderam fazer transações comerciais pagando em suas respectivas moedas. Ele destacou que a tentativa não avançou.

Foi uma experiência muito tímida, porque a nossa decisão não foi impositiva, ela era optativa”, afirmou Lula, dizendo, ainda, que o modelo não “fluiu com a força que nós imaginávamos”.

O presidente brasileiro afirmou que, se dependesse dele, todas as transações de comércio exterior seriam realizadas nas moedas dos outros países, para que fosse evitada a dependência do dólar. “Por que não tentar criar uma moeda comum com países da América do Sul ou do BRICs?”, indagou, afirmando que a criação de moedas comuns vai ocorrer no futuro.

“Eu acho que é necessário que aconteça, porque, muitas vezes, há países que têm dificuldade de adquirir o dólar e você pode fazer acordos, estabelecer um tipo de moeda para o comércio”, apontou.

Lula acrescentou que “tudo que é novo causa estranheza. Por isso, tudo que é novo precisa ser testado, porque não podemos, no meio do século 21, continuar fazendo a mesma coisa que fazíamos no começo do século 20”.

Lula é favorável a investimentos do BNDES em gasoduto argentino

Ainda durante a coletiva, Lula sinalizou que Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode ajudar nos investimentos em projetos energéticos do país vizinho.

O governo argentino busca recursos para a construção de um gasoduto ligando o campo de Vaca Muerta, na Argentina, à divisa com o Rio Grande do Sul, no Brasil.

“Vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, afirmou o presidente brasileiro.

Lula lembrou que tinha “orgulho” de quando o BNDES tinha mais recursos para financiar obras na América do Sul. “Os países maiores têm que auxiliar os países que têm menos condições em determinados momentos históricos”, disse.

“Tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes que a Argentina tem, no conhecimento científico e tecnológico da Argentina. E, se há interesse dos empresários e do governo e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, nós vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, ressaltou Lula.

O presidente classificou as críticas no Brasil ao financiamento do BNDES a este tipo de obras de “pura ignorância”. “Eu acho que não só pode, como é necessário que o Brasil ajude a todos seus parceiros dentro das possibilidades econômicas do nosso país”, destacou.

Assista à íntegra dos discursos: