ESTADOS UNIDOS

Trump surrupiou da Casa Branca documentos referentes a espiões e agentes secretos

O Departamento de Justiça dos EUA liberou para a imprensa do país uma edição do depoimento que possibilitou a autorização judicial para as buscas na mansão do ex-presidente

Créditos: Reprodução / Flickr
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O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta sexta-feira (26) uma edição do depoimento que possibilitou a aprovação das buscas e apreensões no início do mês na mansão Mar-A-Lago, na Flórida, onde o ex-presidente Donald Trump fixou residência após deixar a Casa Branca no ano passado.

Um dos trechos do documento cita a expressão “recursos humanos clandestinos”, que significa justamente espiões e informantes, como tema dos documentos levados por Trump. No quesito segurança nacional, isso pode ser somado à outros documentos que Trump teria levado para a Flórida, alguns sobre o arsenal nuclear do país, entre outros documentos sigilosos que visam a segurança nacional da maior economia do planeta.

De acordo como divulgado hoje na imprensa estadunidense, o ex-presidente levou da Casa Branca mais de 700 páginas de documentos sigilosos – incluindo os citados sobre operações de inteligência. Antes da operação o governo já desconfiava de que Trump teria tais documentos e temia uma publicação dos mesmos.

Além disso, o Departamento de Justiça encontrou testemunhas civis da subtração dos documentos por Trump e acredita que o ex-presidente esteja tentando atrapalhar investigações sobre sua participação na invasão do capitólio de Washington, em 6 de janeiro de 2021. Há uma grande preocupação em relação a segurança dessas testemunhas.

Busca e apreensão na mansão de Trump

Em 8 de agosto o FBI fez a operação de busca a apreensão na mansão Mar-A-Lago. Os agentes teriam entrado na casa trajando ternos ao invés dos tradicionais coletes com a inscrição da corporação; às dez da manhã, ao invés do costumeiro horário das cinco e meia da matina para esse tipo de operação; e em um dia em que Trump não estava no local, pois visitava a Trump Tower em Nova Iorque. O procedimento buscou evitar constrangimentos e exposições tanto do ex-presidente, como das investigações que correm em sigilo. As informações da imprensa local dão conta de que nem o atual presidente do país, Joe Biden, teria ciência do cumprimento do mandato.

Mas extremamente irritado com a situação, Trump não guardou silêncio e convocou horas depois uma coletiva de imprensa para comentar a entrada dos oficiais em sua mansão. Trump não quis explicar o porquê da operação em sua casa, reclamou que nenhum outro ex-presidente havia sido tratado daquela forma e que coopera com as investigações a respeito da invasão do capitólio de Washington, em 6 de janeiro do ano passado, por seus seguidores. Um assunto que ele fez questão de recordar naquele momento.

No final das contas, Trump acusa as investigações de serem “politizadas” por estarem ocorrendo meses antes das primárias das eleições legislativas do ano que vem, que ocorrem em 8 de novembro. The Donald estaria ensaiando sua "volta triunfal" à política. Acontece que foi ele mesmo quem tornou a operação pública e entregou seu próprio interesse político relacionado a elas.

Na sexta-feira seguinte(12) a imprensa estadunidense anunciou que o FBI pode processar Trump por traição e espionagem contra seu próprio país, além de divulgar sem muitos detalhes a lista documentos roubados por Trump no apagar das luzes de seu mandato como presidente. Trump surrupiou até mesmo documentos sigilosos que listam o arsenal nuclear dos EUA. Provavelmente os que levam a sigla TS/SCI que, em inglês, significa ultra-secreto/sensível, um tipo de classificação para temas que podem representar danos graves à segurança do país.

Entre o material apreendido na mansão do presidente, também estão os seus três passaportes: um vencido, um diplomático ainda válido e o passaporte pessoal válido. É a primeira vez na história dos Estados Unidos que um ex-presidente fica impedido de sair do país.

"CPI" do Capitólio

As investigações sobre a invasão do capitólio em 6 de janeiro de 2021, que contam com a cooperação entre parlamentares e investigadores profissionais do Estado, confirmaram o desaparecimento de documentos do Arquivo Nacional ao fim da gestão Trump. Entre esses documentos haveria registros de telefonemas de Trump e de pessoas do seu círculo mais próximo relacionados com o fato investigado.

Trump teria sido obrigado, mediante processo judicial, a devolver 15 caixas de arquivos ao Arquivo Nacional após sua saída. As investigações se concentram em materiais subtraídos, por isso a operação de busca e apreensão. Trump, assim como sua cópia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro, alega que houve fraudes nas eleições dos EUA, em especial as que o tiraram da Casa Branca.

A CPI do Capitólio, como apelidamos no Brasil, já prendeu Steve Bannon - guru de Trump ao estilo de Olavo de Carvalho com Bolsonaro no Brasil - e mira Eduardo Bolsonaro em suas investigações. Parlamentares ainda afirmam que Trump não queria que seus seguidores se retirassem no capitólio após 6 horas de invasão. Ele teria sido forçado a pedir a saída dos manifestantes.