Na última sexta-feira (29) o vendedor ambulante nigeriano Alika Ogorchukwu, de 39 anos, foi assassinado em plena luz do dia por Filippo Claudio Giuseppe Ferlazzo, de 32 anos, na avenida mais movimentada da pequena cidade litorânea de Civitanova Marche, localizada a leste de Roma, na costa do mar Adriático, na Itália.
Ogorchukwu teria oferecido alguns dos produtos que vendia como ambulante e a interação, comum em todo o mundo, entre pedestre e vendedor, evoluiu para uma agressão de cerca de 4 minutos na qual o imigrante acabou falecendo. O episódio foi filmado por transeuntes, alguns pediram que parassem as agressões, mas ninguém interferiu. A vítima deixou mulher e dois filhos.
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O assassino foi preso em flagrante e deverá responder por homicídio e roubo, uma vez que o celular da vítima foi subtraído após seu falecimento. Na versão do autor do homicídio, que vive em outra região do país, na cidade de Salerno, e visitava a cidade a passeio com a família, o ambulante teria oferecido alguns produtos e, após negativas da família, teria agarrado o braço da mulher para pedir esmolas, o que teria despertado sua ira.
De acordo com a polícia italiana, não se sabe se Ogorchukwu realmente agarrou o braço da mulher. O que se sabe é que após um desentendimento decorrente de um pedido de esmola, o italiano subtraiu a muleta do imigrante, derrubando-o, e então partiu para a agressão fatal.
Alika Ogorchukwu vivia a cerca de 50 quilômetros do centro de Civitanova Marche e ia todos os dias para a cidade vender pequenos itens, como isqueiros e lenços, uma vez que segundo sua mulher, Charity Oriachi, há cerca de um ano sofreu um acidente de carro que o deixou aleijado e o afastou do antigo emprego formal.
O caso chocou a Itália, especialmente as comunidades de imigrantes africanos espalhadas pelo país. No sábado (30) houve um protesto em Civitanova, no local do assassinato, onde organizações pró-imigrantes exigiram justiça pelo assassinato de Ogorchukwu. Nele, Charity Oriachi pediu justiça para seu marido.
O agressor pediu desculpas à família da vítima no último domingo (31) através dos seus advogados que, por sua vez, devem alegar que o réu possui problemas mentais. E, mesmo respondendo por homicídio e roubo, a polícia italiana descartou o racismo e a xenofobia como motivações para o crime. No entanto, para a opinião pública, tudo leva a crer que este é mais um crime com a assinatura da extrema-direita italiana, o que traz, consequentemente, as marcas do racismo e da xenofobia. Na Europa, a principal pauta deste segmento político é um controle mais rigoroso das políticas de imigração, muito pautado no ódio e na aversão ao imigrante.
O caso ocorreu em meio a uma nova escalada de ideias e movimentos fascistas na política e na sociedade italianas. Nas eleições de setembro próximo é muito provável que suba ao poder a líder da extrema-direita italiana, Giorgia Meloni, do movimento Fratelli d’Italia. Meloni ganhou notoriedade fazendo um discurso pós-fascista, ou seja, atualizando alguns dogmas do fascismo para o mundo de hoje e, é claro, promovendo um festival de xenofobia e ataques a imigrantes, sobretudo os oriundos da África, Ásia e América Latina.