O ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, morreu nesta sexta-feira (8) após ser alvo de um atentado a tiros enquanto discursava numa rua da cidade de Nara em ato de campanha do Partido Liberal Democrático (PLD) para as eleições parlamentares que acontecem neste domingo, 10 de julho.
Shinzo Abe era considerado um político nacionalista, linha dura e pragmático. Apesar disso, foi o primeiro-ministro mais longevo da história do Japão. Após uma passagem frustrada pelo poder entre 2006 e 2007, Abe se elegeu em 2012 e ficou no cargo até agosto de 2020 quando, diante de um quadro agravado de saúde, ele sofria de uma doença intestinal inflamatória crônica, renunciou.
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Abenomics
A ascensão de Shinzo Abe ao poder marca o fim do período em que a centro-esquerda governou o Japão, entre 2009 e 2012, período histórico marcado pelo tsunami de março de 2011 e da tragédia nuclear de Fukushima.
O governo de Abe se elegeu com a promessa da recuperação econômica, política que ficou conhecida como "abenomics", que mesclava flexibilização monetária, reativação orçamentária e reformas estruturais.
No entanto, economista afirmam que, apesar da propaganda, as políticas do governo de Shinzo Abe não alteraram a estrutura da economia japonesa, que foi gravemente afetada pela crise sanitária global do coronavírus.
Classificado como "populista" pela imprensa ocidental, analistas afirmam Shinzo Abe optou por não levar adiante reformas estruturais para se manter no poder, o que deu certo por um determinado tempo.
Reforma constitucional
Uma das grandes ambições políticas de Shinzo Abe era levar adiante uma reforma do texto constitucional. Membro de uma família tradicional da política japonesa, Abe se preparou desde jovem para assumir o comando de seu país.
A ambição de Abe consistia em revisar a Constituição japonesa escrita em 1947 pelos EUA que, à época ocupava o país.
Vista como uma "Constituição colonial", o texto de 1947 nunca passou por uma reforma ou foi substituído por um texto elaborado por constituintes japoneses.
As ideias de Abe eram muito populares entre os japoneses e a sua passagem pelo poder fez do seu partido, o Partido Liberal Democrático, uma máquina poderosa que ofuscou a oposição de centro-esquerda, que ainda não se recuperou de sua recente passagem pelo poder.
Porém, Shinzo Abe, além do fato saúde, caiu em desgraça por conta de sua política, segundo a imprensa local, "confusa e lenta" de combate ao coronavírus.
"Brasil, potência-chave"
Quando primeiro-ministro, Shinzo Abe estabeleceu uma forte relação política e diplomática com o Brasil, na época governado pela ex-presidenta Dilma Rousseff.
Em passagem pelo Brasil em agosto de 2014, Shinzo Abe declarou que o país, além de abrigar a maior comunidade nipônica fora do Japão, é uma "potência-chave" para o desenvolvimento da América Latina.
À época, Abe também afirmou, ao lado da presidenta Dilma Rousseff, que os dois países compartilham os mesmos princípios: democracia, preservação do meio ambiente e a defesa da reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
A visita de Shinzo Abe também marcou o aniversário de 125 anos de uma relação amistosa entre o Brasil e o Japão. Hoje, estima-se que cerca 1,6 milhão de japoneses vivem em terras brasileiras.
Com informações da Agência Brasil e do Estado de Minas.