JULIAN ASSANGE

VÍDEO: Presidente do México sugere demolição da Estátua da Liberdade

López Obrador cobrou um indulto para o jornalista Julian Assange, fundador do Wikileaks

Andrés Manuel López Obrador. pede movimento pela demolição da Estátua da Liberdade se Assange for preso nos EUA.Créditos: Montagem (Presidência do México e Reprodução/Facebook/Estátua da Liberdade)
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O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, fez uma provocação aos Estados Unidos nesta segunda-feira (4) ao comentar sobre a situação do jornalista Julian Assange, fundador do WikiLeaks. Assange está detido no Reino Unido com vistas de ser extraditado para o EUA - onde pode pegar até 175 anos de detenção por revelar crimes de conspiração e espionagem promovidos pelo governo estadunidense.

Obrador criticou os meios de comunicação estadunidenses por não se levantarem em favor de Assange durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda. Segundo ele, os grandes veículos devem se mobilizar para organizar um evento para "exortar, pedir e convocar para que Assange receba um indulto". "Se não fizerem isso, eles ficarão manchados", afirmou López Obrador.

"E agora temos que começar a campanha. Se levarem Assange para os Estados Unidos e o condenarem à pena máxima para morrer na prisão, temos que começar a campanha para demolir a Estátua da Liberdade que os franceses entregaram aos EUA e que está em Nova York, porque ela não será mais um símbolo de liberdade", declarou o presidente do México.

López Obrador pretende conversar com o presidente dos EUA, Joe Biden, sobre a situação do jornalista. O mexicano já se dispôs a conceder asilo político a Assange.

A declaração foi dada pelo presidente mexicano após ser questionado sobre a morte de jornalistas no país.

Assista:

Quais foram as revelações de Julian Assange no WikiLeaks?

O jornalista investigativo está sendo acusado de crimes de conspiração e espionagem pelo governo estadunidense em razão das revelações feitas pelo WikiLeaks e poderia pegar até 175 anos de prisão. 

Documentos e vídeos divulgados por Assange, em 2010 e 2011 no WikiLeaks, descortinaram uma série de abusos cometidos por militares dos Estados Unidos. As denúncias do site mostraram, entre outros segredos guardados pelos governos estadunidenses, a brutalidade das operações militares do país no Afeganistão e no Iraque, com a prática comum de torturas e mortes não registradas. Foram assasinados centenas de civis afegãos e cerca de 66 mil em território iraquiano, além da tortura de prisioneiros.

O governo brasileiro foi um dos alvos das violações denunciadas pelo fundador do Wikileaks, durante os mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff. Documentos vazados revelaram inúmeras as ações de espionagem do governo norte-americano contra membros do governo e contra a Petrobras.

Advogados de Assange estimam que caso ele seja extraditado e condenado nas 18 acusações que enfrenta nos EUA – entre elas, conspirar para hackear bancos de dados militares dos EUA de modo a obter informações secretas confidenciais relacionadas às guerras do Afeganistão e do Iraque, que foram publicadas no site Wikileaks – ele pode pegar até 175 anos de prisão.

Reino Unido aprova extradição de Assange

 A decisão do governo conservador de Boris Johnson de extraditar Assange para os Estados Unidos veio dois meses após a justiça britânica formalizar a autorização ao procedimento. Em março, a Suprema Corte do Reino Unido negou ao jornalista o direito de apelar da decisão da extradição. Assange havia conseguido a anulação do processo, mas os EUA conseguiram reverter em tribunais superiores.

Jornalistas e organizações de direitos humanos repudiaram a medida. "Permitir que Julian Assange seja extraditado para os EUA o colocaria em grande risco e enviaria uma mensagem assustadora aos jornalistas de todo o mundo", disse a Anistia Internacional em nota.

A Anistia Internacional disse estar extremamente preocupada com a situação que Assange pode enfrentar no Estados Unidos, com "um alto risco de confinamento solitário prolongado, o que violaria a proibição de tortura ou outros maus-tratos". "As garantias diplomáticas fornecidas pelos EUA de que Assange não será mantido em confinamento solitário não podem ser tomadas pelo valor de face, dada a história anterior. Apelamos ao Reino Unido para que se abstenha de extraditar Julian Assange, para que os EUA retirem as acusações e para que Assange seja libertado", diz ainda.